A casa do girassol vermelho
Cia. Sonho e Drama (MG / Brasil)
Direção: Cida Falabella
(1991)
Texto retirado do programa original do espetáculo:
Desde o início, ficou claro que existiam dois caminhos para trazer ao placo os contos fantásticos de Murilo Rubião: o truque e a sugestão.
O truque poderia ser definido como tudo que depende de meios artificiais para criar efeitos. Esse seria o caminho do cinema ou vídeo, que podem fazer aparecer e desaparecer coisas e pessoas, distorcer imagens, sobrepô-las.
O teatro no qual acreditamos não utiliza esses recursos, mesmo por que não há meios para fazê-lo bem feito. Optamos pela sugestão, buscando recriar o clima que percorre toda a obra de Murilo Rubião, envolvendo e revelando uma nova realidade mais profunda e assustadora. Esse caminho exigiu de todo o grupo um desnudar-se constante, revelando os nossos fantasmas, os desejos, as frustrações inerentes ao homem numa sociedade fragmentada e castradora. Pra nós, enquanto o trabalho se desenvolvia, mais claro ficava que o teatro é o templo da transformação, e que o ator, com seu corpo, sua emoção e razão, pode tornar visível o invisível.
Uma outra face também importante da montagem é a abordagem do feminino no universo muriliano, essa força sempre reprimida que ressurge poderosa e que detona o fantástico. As mulheres de Murilo são diabólicas, monstruosas, sedutoras e enigmáticas, atraindo para sua teia os homens.
O espetáculo tem uma concepção despojada, onde os elementos cênicos vão se modificando, criando novos lugares, situações, personagens
Escolhemos três contos para explorar: "A Lua", "Bárbara", e ?-s três Nomes de Godofredo" e tomamos a liberdade de usar o título de um outro conto, não incluído, nomeando o espetáculo: "A Casa do Girassol Vermelho".
Para nós "ela" significa o lugar mágico, onde ficam guardados os elementos fantásticos de Murilo Rubião que nos propusemos desvendar.
Poderíamos dizer que a palavra-chave da montagem é a metamorfose. Nada é definitivo, tudo se transforma, e transformando leva o homem comum a refletir sobre o seu cotidiano.
Cia. Sonho e Drama (1991)
As fotografias deste espetáculo foram feitas em filme e digitalizadas no âmbito do projeto "O teatro em BH no final do Século XX - digitalização do acervo de Guto Muniz". Projeto nº 0821/2020
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Adaptação/direção:
Cida FalabellaPreparação corporal/instrumental:
Gil AmâncioCenografia:
Cia. Sonho e DramaObjetos cenográficos/adereços:
Wanda Sgarbi, Marco Paulo RollaIluminação:
Carlos RochaFigurino:
Cida FalabellaCostureiras:
Tina e AliceTrilha sonora:
Gil AmâncioExecução:
Cia. Sonho e DramaProgramação visual:
Léo LadeiraElenco:
Simone Ordones, Rita Clemente, Epaminondas Reis, Elisa Santana e Chico AníbalProdução executiva:
Adriana Kaelbe Calixto, Maria Aparecida de Souza RodriguesProdução geral:
Cia. Sonho e Drama