À Tardinha no Ocidente
Primeira Campainha (MG / Brasil)
Projeto Pé na Rua Galpão Cine Horto (2014)
Como um desabafo sobre a história brasileira, nasce o espetáculo À Tardinha no Ocidente, concebido de forma compartilhada entre as atrizes da Primeira Campainha - Marina Arthuzzi, Marina Viana e Mariana Blanco - e os artistas convidados Dayane Lacerda, Denise Lopes Leal e Byron O?Neill.
O texto elaborado durante o processo de criação percorre alguns momentos históricos do Brasil, da Velha à Nova República, da morte de Getúlio em 54 à promulgação da constituição de 88, do AI 5 em 68 ao confisco das poupanças em 90. E é nesse clima que À Tardinha no Ocidente conta a história do país, vista como um verdadeiro jogo, de poder, de disputa. Onde alguns entram e saem vitoriosos, onde as forças não se igualam, onde alguns jogam, outros assistem e todo um país é construído ou desmantelado. Ninguém sai ileso à brincadeira que é ela própria a marca dessa dramaturgia.
Para dar conta dos meandros desse panorama histórico, a companhia chama à cena jogos e brincadeiras de rua - queimada, mestre mandou, pique cola, tico tico fuzilado, polícia e ladrão, futebol, paribola, pique esconde. Algumas até em extinção, contam também a história do país e dão a estrutura de jogo para a construção dramatúrgica. Música, paródia, jingles célebres de campanhas políticas, metáfora por vezes diretas e ácidas, uma sátira por vezes protesto. Situações, relações de poder e fatos marcantes da história ilustrados de forma lúdica e crítica em uma brincadeira nem tão inofensiva assim.
No tabuleiro, encontram-se algumas personagens desta trama escrita por inúmeras mãos: a Utopia, a Anarquia, a Monarquia, a República e a Ditadura. Caricaturas de períodos, formas de pensamento e organização que, postos num jogo, se implicam, se completam e se contrastam.
O sonho com um grande recreio onde nenhuma brincadeira tem dono ou regras conversa ao pé da orelha com o rei do pedaço, que discute com a democracia que viveu e vive momentos de tortura. O que se passou neste período todo? Conquistas e retrocessos, exatamente como num jogo, onde se avançam nas casas do tabuleiro, perde-se uma rodada ou volta-se a duas casas atrás. O casamento homossexual, um ganho judicial, um tabu na sociedade. O estado laico, apenas no papel. O poderio das igrejas, a fé em Deus e na ilegalidade do aborto. A repressão dos anos 60 vivida e repetida nos anos 2000. Uma história que até parece ser brincadeira.
Criação coletiva compartilha e anarquizada por Byron O?Neill, Dayane Lacerda, Denise Lopes Leal, Mariana Blanco, Marina Arthuzzi, Marina Viana
Dramaturgia totalitária de Marina Viana derrubada e revolucionada por Dayane Lacerda, Denise Lopes Leal, Mariana Blanco, Marina Arthuzzi, Marina Viana.
Atuação:
Byron O?Neill, Dayane Lacerda, Denise Lopes Leal, Mariana Blanco, Marina Arthuzzi, Marina Viana.Figurino:
Cynthia PaulinoCenografia:
Daniel HerthelTrilha Sonora:
G.A. Barulhista e Tatá SantanaPreparação Vocal:
Tatá SantanaPreparação Corporal:
Guilherme MoraisAssistência em máscaras:
Henrique Limadre.Equipe pedagógica:
Nina Caetano, Tatá Santana e Joab Cruz.