foco in cena

Com direção de Luiz Fernando Marques, Arrufos nasce da tentativa de falar do amor, esse sentimento tão gasto, cantado em prosa e verso, desde os primórdios da humanidade. Sempre trabalhando pelo viés da perspectiva histórica, o grupo XIX de teatro, escolhe o amor como tema e, antes de mais nada, explora uma necessidade de colocar o amor como construto social, um código que não é o mesmo e nem se comporta da mesma maneira ao longo dos tempos.

Em Arrufos, a pesquisa dramatúrgica do grupo, baseada em pesquisas de fontes literárias e históricas, é consolidada na ideia de construir uma história do amor através dos séculos. Desta vez, o recorte dá lugar ao painel, para tentar mapear o amor como fenômeno social e político e se entender como o conceito moderno de amor, limitado ao casal burguês e ao espaço claustrofóbico da família nuclear, foi construído: a chamada concepção privada do amor. Olhando para trás, vê-se valores intrínsecos às suas épocas e que moldaram definitivamente a ideia do amor. Dessa maneira, a intenção de Arrufos é colocar essa problemática em cena, através de histórias de amor diversas de diferentes séculos, misturando os tempos para que o espectador do século XXI possa tentar entender de onde vem esse ideário do amor romântico e a quem serve essa construção.

A dramaturgia de Arrufos passa pelo desejo de construir, a partir de esboços de vários amores, a ideia do amor como fator sócio-político, que serve de moldura para os anseios e desejos mais profundos da alma humana. A ideia de que esse amor está no detalhe, no gesto, nas palavras, no ato de sedução, no olhar, no toque. E que tudo isso ocupa lugares diferentes em diferente tempos. Falar sobre isso e vivenciar esta experiência é o grande desafio de Arrufos.

Ficha Técnica