Árvores
Clarice Lima (SP / Brasil)
Horizontes Urbanos (2012)
Árvores é um exercício do desejo de permanência.
Permanecer v.i.. e v.pred. Ficar (em algum lugar, posição ou atitude) por tempo prolongado; durar.! Conservar-se, continuar, continuar a ser.
Árvores é um exercício do desejo de permanência. Árvores-corpos de cabeça para baixo invertem o espaço e questionam o tempo. Até quando o corpo aguenta?
Essa pergunta refere-se diretamente à forma e à prática, daquilo que possibilita uma metáfora da potência da possibilidade e desejo de permanência. O corpo tem um tempo - ele aguenta por um tempo. Na proposta de uma temporalidade dilatada, o corpo invertido proporciona a sensação de que o tempo é a própria ação. E ele se transforma em ação, pela simples permanência.
Essa intervenção poética se torna um instrumento de ação política para o paradoxo do corpo contemporâneo que vive uma grande velocidade de estímulos, coisa para fazer, ter ou realizar, e ao mesmo tempo, lida com o desejo de pausa, de um olhar, de subversão do tempo para abrir-se ao sutil.
Permanecer é somente ser.
Árvores interroga as maneiras possíveis para um corpo resistir, continuar, seguir em potência - em oposição ao grande movimento que o cerca.
Com a pausa é possível receber/perceber o movimento: paradoxo dessa existência cheia de intensidades, entre nossa receptividade e nossa espontaneidade, que testemunha aquilo que transforma o corpo que permanece.
Realizar a performance Árvores a partir de um workshop com bailarinos locais surge enquanto desejo de ampliar a discussão sobre a permanência ao possibilitar deixar rastros não só na paisagem urbana da cidade mas também nos corpos dos bailarinos daquela região.
Dessa forma a realização de um workshop com os bailarinos locais tem como objetivo prepará-los para realizar a performance, bem como discutir a proposta e práticas de dança em espaços não convencionais, pesquisa desenvolvida por Clarice Lima.
A performance Árvores cria paisagens temporárias na cidade, que se tornam mais efetivas a partir do contato com os seus habitantes. Trazer seus habitantes para dentro da performance é estimular um ambiente de troca entre a performance e a cidade, bem como criar e absorver novos significados dentro do contexto local.
Responsável:
Clarice LimaAssistentes*:
Patrícia Bergantin e Jerônimo Bitencourt