As Troianas
Grupo Ânima (MG / Brasil)
(1995)
As Troianas, de Eurípedes, escrita no ano de 415 a.C. , relata o final da Guerra de Tróia, quando todos os troianos foram mortos pelos gregos e restam as mulheres que serão divididas entre os mesmos.
Eurípedes lança através dessa tragédia, um grito angustiante pela humanidade oprimida, um grande lamento na selva da desumanidade do homem para com o homem e, ao mesmo tempo, através das mulheres, exalta a certeza da recriação da Pólis.
Eurípedes é considerado o primeiro dramaturgo do feminino. Um feminista dois mil anos antes de surgir o termo, dando novos valores às mulheres, pois são elas que se destacam nas suas obras. Mulheres de personalidade forte, trágica e heróica.
A partir do olhar das mulheres troianas, Eurípedes retrata a guerra de Tróia, com uma sensibilidade feminina extraordinária. Esse olhar é simbolizado por Hécuba, uma verdadeira "mater dolorosa", a "grande mãe" da natureza primeira. Também em Cassandra, sacerdotisa de Apolo e única filha de Hécuba ainda viva, o olhar profético : "que todo homem sensato deve evitar a guerra".
As Troianas celebra o RITUAL DA VIDA a partir da MORTE - o ventre prenhe das mulheres é mais forte que toda força bruta dos gregos.
A montagem buscou transpor o texto clássico grego para o tempo que se chama hoje e para a linguagem das nossas origens, recriando AS TROIANAS, a partir da junção entre a cultura grega e a cultura afro, tendo como elo de ligação o arquétipo da Grande-Mãe.
Ao recriar AS TROIANAS, a partir da cultura afro, evocamos a força vital das "Hécubas Africanas", as GRANDES MÃES DE SANTO que, exiladas da sua terra, tornam-se as guardiãs primordiais de toda uma tradição cultural. Diante do drama da paixão e morte, essas mulheres têm a força e a potência da RAIZ que lhes faz quebrar os obstáculos e reinstaurar a esperança : a vontade de viver e amar, apesar da morte.
O som e o ritmo africano marcam os tempos do espetáculo: o coro-coral, a melodia, a vibração das palavras, as entonações, a dança, o canto e a movimentação dos personagens. O cenário, traz a força dessa raiz, no interior da terra ventre. A iluminação, busca criar a geometria do labirinto e o círculo - símbolo do feminino, do eterno retorno. A música, traz o som e o ritmo dos tambores africanos - buscando não uma melodia composta, mas vibrações de sons que possam "agir diretamente sobre a sensibilidade", como diz Artaud. O figurino, não busca marcar uma época ou uma caracterização realista das roupas africanas, mas são inspirados nas artes milenares da África.
As fotografias deste espetáculo foram feitas em filme e digitalizadas no âmbito do projeto "O teatro em BH no final do Século XX - digitalização do acervo de Guto Muniz". Projeto nº 0821/2020
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
ELENCO:
Thais Garayp
Luiz Gomide
Júnia Bessa
Luciana Barroso
Tatiana Mirantos
Cristiana Brandão
Carolina Rocha
Marcelo Belico
Coro:
Ana Faria, Cecília Bizzoto, Isabela Fritsch, Maria Júlia Martins, Marina Torres, Larissa Agostini e Raquel PedrasDireção Geral:
Cristina TolentinoDireção Musical e Coro:
Rafael GrimaldiPesquisa e Preparação Corporal / Vocal:
Cristina TolentinoTrilha Sonora Original:
Djalma CorrêaAssessoria Corporal:
Cláudia LimaCoreografia e Iluminação:
Cristina TolentinoCenografia:
Raul Belém MachadoFigurino e Maquiagem:
Adriana Vaz RamosFotografia:
Guto MunizAssessoria Cenográfica:
Glória Amaral