Balletto de la bellezza
CEFAR - Fundação Clóvis Salgado (MG / Brasil)
(2010)
O movimento humanista que surge em Florença, nos finais do séc. XVI, fundamentou uma análise estética, histórica e musical. O estudo sobre a tragédia grega nos mostra que toda formulação poética do pensamento ou do sentimento, claramente enunciados sendo interpretados com múltiplas acentuações e variações de entonação vocal. Foi desse modo que a ópera se concebei pelos primeiros teóricos no período barroco.
Grupos de intelectuais se formaram por toda a Itália do século XVI ao XVIII. Intelectuais, músicos, poetas e filósofos florentinos buscaram na cultura grega e em suas formas sociais subsídios para empreender um novo caminho que ligaria de forma visceral a música à poesia, aproximando o canto da cena, do teatro, das personagens e conectando intimamente Canto e Alma. Forma-se a Camerata Bardi, na qual os componentes estavam integrados "a uma perspectiva artística que propunha uma arte expressiva que pudesse educar a sensibilidade, formar e desenvolver humanamente o ouvinte.
É no contexto intelectual da Camerata que se insere Giulio Caccini, músico, compositor e cantor que desenvolve um novo estilo para a declamação, que mobiliza os afetos da alma. Engendra uma nova arte de cantar, o stile recitativo, inovação musical que valoriza o canto solista, dando ênfase à poesia e à dramaticidade que estaria irremediavelmente ligada à prática operística dos séculos seguintes. Em 1601 ele publica uma das mais importantes obras para o canto: Le Nuove Musiche, uma coleção de canções - a monodia acompanhada pelo baixo contínuo.
No panorama dessa revolução musical estava um gênio: Cláudio Monteverdi, que sobrepõe os dois sentidos gregos da imitação, a Representação e a Expressão. Monteverdi marca a transição polifônica do sec. XVI para o nascimento da ópera no séc. XVII. Suas músicas, fundadas sobre o controle do ritmo e da harmonia, criam formas, escrituras harmônicas expressivas, colocam sutileza nas modulações e na voz e servem à retórica. Abraçam o trágico e o tornam a mais alta expressão da alma humana, com elementos estruturais, estilísticos e textual que se desenvolverá nos séculos seguintes.
Os stile concitato (agitado) expressam sentimentos exacerbados de paixão, imprimindo maior dramaticidade ao discurso musical; o stile representativo (drama), a criação da ópera e a secconda prattica (estilo moderno contrário à prima prattica de Palestrina e às limitações rigorosas do contraponto), a voz solista tratada de modo que resulta intensificados todos os sentimentos das palavras, sem que nada escape à percepção do ouvinte.
Este concerto celebra o nascimento do canto solista, a voz como protagonista que se manifesta na sua incrível diversidade no pensamento grego.
Coordenadora do Recital:
Jacyara AraújoProdução:
Simone RangelIluminação:
Joana D"arcGravação:
Eduardo MartinsChefe de Departamento da Sala Juvenal Dias e Teatro João Ceschiatti:
Vera TolentinoAssessor:
Celeste MayrinkTécnicos:
Reminson Rinaldo dos Santos, Sérgio Marques Franca e Adélio Andrade GomesRecepcionista:
Avelino Rosa