Carta ao Pai
Cia. Absurda (Brasil / Portugal)
Direção: Ione de Medeiros
(1992)
"Meus escritos tratavam de você, neles eu expunha as queixas que nnao podia fazer no seu peito."
Franz Kafka, in Carta ao Pai
Aos 36 anos o Profeta do Espanto decidiu investir em um verdadeiro acerto de contas com o pai despótico, descendo fundo às cavernas abissais do ego, confirmando, em última instância, que a ficção kafkiana passa pela figura do pai e do tirano, para chegar à falta de liberdade objetiva do mundo administrado, ampliando as analogias da perseguição, culpa e malogro. É por intermédio da extraordinária imagem do pai estendido no mapa mundi que Kafka consegue figurar na Carta, tanto a falta de espaço do filho oprimido, quando a violência sem fronteiras da dominação.
A vida celibatária aparece na Carta como sendo quase inteiramente da responsabilidade paterna. Sua insegurança provoca um pânico de consciência, convencendo-se (como atormentado) de que de alguma forma cometeu um pecado - a punição se antecipa cronologicamente ao crime. Kafka aceitou - do ponto de vista biográfico - o julgamento da casa paterna (o pai, cioso de direitos e sempre com a razão).
A Cia. Absurda, com "Carta ao Pai", traduz em imagens, não os conceitos, mas as situações, num espetáculo despojado e onírico.
As fotografias deste espetáculo foram feitas em filme e digitalizadas no âmbito do projeto "O teatro em BH no final do Século XX - digitalização do acervo de Guto Muniz". Projeto nº 0821/2020
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Da obra de Franz Kafka
Direção:
Ione de MedeirosIntérpretes:
Paulo Lisboa e Fernando LimaIluminação e produção:
Ricardo CarisioCenário e figurino:
Márcio GatoComposição musical:
Antônio Celso