Hyenna - não deforma, não tem cheiro, não solta as tiras
Tuca Pinheiro (MG / Brasil)
(2015)
Abordagem político-artística do pensamento estético imposto à dança pela tradição europeia, seus desdobramentos, consequências e conflitos instalados / instaurados na obra e no corpo do artista-intérprete. Pensamentos que ainda atuam como dispositivos de poder, estabelecendo parâmetros que legitimam um modelo de dança de qualidade asséptica, eugenista e adaptada às demandas de um mercado específico que tem o propósito de estabelecer condutas desejáveis em seu público. Este projeto seleciona a carta de Pero Vaz de Caminha como referência ao nosso encontro com este pensamento, verticalizado através de uma pesquisa in loco nos campos de extermínio de Auschwitz e Birkenau (Polônia).
"Um murro bem dado contém em si sua própria anestesia" (Primo Levi).
O processo da pesquisa dos materiais coreográficos manteve-se atento e distante das armadilhas lançadas pelas verdades absolutas e pelos julgamentos maniqueístas, entendendo que os vestígios são a matéria constitutiva de uma possível memória. Quem somos nós? Ainda precisamos da tutela do olhar europeu? Somos réplicas de um processo neocolonialista que se perpetua desde a corte francesa? Estes vestígios sustentam a obra? Esta dança ainda não deformou? Não fedeu? Não soltou as tiras?
A figura da Hiena se impôs como um poderoso símbolo para sub-condições de vida, uma existência ambígua que transita entre o riso e o resto, fato que favoreceu a investigação de procedimentos coreográficos que colocam em discussão questões relativas à higienização e à "hienização".
Concepção/Intérprete:
Tuca PinheiroDramaturgista:
Rosa HercolesConsultoria Bibliográfica:
Adriana BananaProjeto de Luz:
Leonardo PavanelloPesquisa de Trilha:
Tuca PinheiroCaptação/Edição/Finalização de Áudio:
Kiko Klaus