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Guto Muniz em Cena

Artes Cênica em fotografia Material resgata 25 anos de trabalho de um dos mais importante fotógrafos de teatro e dança Exposição é composta por 120 registros com grupos de Minas, de outros estados e internacionais

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* Clarissa Carvalhaes (Jornal Hoje em Dia - 14/08/2012)

O teatro ganha um presente. Ou melhor, fotografias. A partir do dia 19 de agosto, entra no ar o site www.focoincena.com.br com imagem que resgatam 25 anos de registros de um dos mais importantes fotógrafos das artes cênicas, Guto Muniz.

Antes disso – e a partir de amanhã – o Café do Memorial Minas Gerais Vale (na praça da Liberdade) hospeda parte do acervo que estará presente no portal. A exposição “Foco In Cena” contará com 120 fotos que retratam grupos de teatro e de dança, mineiros, nacionais e internacionais, que se apresentaram em Belo Horizonte ao longo dos 25 anos de trajetória do fotógrafo. Uma história que começou a ser traçada exatamente em 1987.

“Uma das fotos que posso dizer ser a responsável por toda dedicação que me dispus em retratar as artes cênicas foi feita em 1989. É do espetáculo ‘Fim de jogo’ e fotografia é do ator Paulo Lisboa (já falecido). Lembro que quando cheguei ao laboratório e revelei aquela imagem aquilo me calou e me fez desejar e extrair tudo o que há na encenação”, recorda o fotógrafo.

A imagem a que Guto descreve é exatamente a fotografia que ilustra a capa do caderno de Cultura de hoje. “Naquela época era facinho, facinho de me apaixonar. E foi a fotografia que me fisgou de jeito”, brinca.

Mas a ideia de entregar ao mundo todo trabalho construído ao longo de duas décadas só surgiu a partir do incômodo que Guto teve ao deparar-se diariamente com os registros que vinha engavetando sobre pilhas.

“Eu não queria mais ter meu trabalho entulhado em armários, dentro de pastas e arquivos. Era chegada a hora de contar a história do teatro. Sei que tudo o que estará disponível no site, e que pode, antes disso, ser visto na exposição, será de imensa valia para a arte. É um imenso álbum de retrato”.

A mostra fica em cartaz no Museu da Vale até novembro deste ano. “Era engraçado porque quando comecei a pensar nesse projeto (do site), eu simplesmente não conseguia tirá-lo do papel. Selecionava cinco fotos e produzia outras 50. Só depois que consegui a Lei Municipal de Incentivo à Cultura pude contratar profissionais que me ajudaram a selecionar as imagens”. O trabalho diminui? “Um pouco, na verdade. São mais de mil registros catalogados, selecionaremos 800. Todos eles contarão com alguma pesquisa, portanto, toda imagem vai ter ao menos uma sinopse e ficha técnica”, conta Muniz.

Muniz retrata tudo o que chega à cena

Depois o teatro, a dança, o circo, os boneco, a música... A verdade é que os palcos não abrem mão de Guto Muniz.

“Quando fui rever as fotos para incluir no projeto comecei a lembrar de espetáculos que nem passavam mais por minha cabeça. Peças que na época não tinham tanto sentido para mim, como tem hoje”, conta o fotógrafo que entre os dias 25 de agosto e 1 de setembro comanda o Workshop sobre fotografia de Artes Cênicas. O curso acontece na Escola de Imagem (rua Colômbia, 375, no Sion). Para mais informações e inscrições é necessário entrar em contato pelo telefone (31) 32646262.

De olho no palco

Guto Muniz registrou espetáculos apresentados desde a década de 1980 em BH

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* Mariana Peixoto (Jornal Estado de Minas - 14/08/2012)

Recém-chegado ao curso de publicidade e propaganda da PUC Minas, Guto Muniz fez a disciplina de teatro. Nunca teve ligação com as artes cênicas, mas se apaixonou de cara – inclusive, formou um grupo amador com colegas. No semestre seguinte, estudou fotografia. Outra paixão à primeira vista. Em 1987, foi assistir a Antígona, da extinta companhia Sonho e Drama, de Cida Falabella, e resolveu fotografar a peça. Foi assim que se deu o batismo do fotógrafo na área.

Vinte e cinco anos mai tarde, Muniz reúne toda a sua carreira no site Foco in cena (www.focoincena.com.br) com amplo acervo referente às artes cênicas em Minas. O projeto entrará no ar no domingo. Hoje (para convidados) e amanhã (para o público), ele abre exposição com 120 imagens no Memorial Minas Gerais.

“Tenho todas as fotos guardadas. As que estavam em filme passaram pelo processo de digitalização. Já o material mais recente, em digital, estava mais organizado. A partir daí, comecei a montar o site. Como desde o começo tenho o hábito de colecionar programas de espetáculos, as fotos serão acompanhadas de sinopses e fichas técnicas das montagens”, conta Muniz.

O acervo traz registros dos festivais FIT, de Bonecos e de Circo, bem como de espetáculos de grupos como Galpão, 1 Ato, ZAP 18 e Mimulus.

Num primeiro momento, serão disponibilizados 5 mil fotos de 400 montagens. Outros 400 espetáculos entrarão posteriormente no site. “Futuramente, vou abrir espaço para os fotógrafos que trabalharam comigo em festivais”, informa.

Para Guto Muniz, mais que técnica, a boa fotografia de um espetáculo deve ter sensibilidade. “O fotógrafo tem que captar a essência do que está assistindo. Isso ocorre se ele estiver mais envolvido com o espetáculo do que com a fotografia. Vejo muitas fotos esteticamente bonitas, mas sem alma”.

Para ele, cada caso é um caso. “Foto em teatro é de um jeito, em espaço alternativo de outro. Os espetáculos mais difíceis de fotografar, com baixa iluminação, por exemplo, por vezes são os mais gostosos, pois representam um desafio. A questão maior é manter a concentração o tempo inteiro. Ele não pode ficar preocupado com o que esta fotografando, mas com o espetáculo”, conclui.

Memória em imagens

Fotógrafo Guto Muniz prepara um site para abrigar todo o material registrado em 25 anos de trabalho

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* Luciana Romagnolli (Jornal O Tempo - 01/07/2011)

O Magazine convidou Guto Muniz, 45, a selecionar cinco imagens entre as inúmeras que fez em mais de duas décadas dedicadas a registrar momentos efêmeros do teatro em Belo Horizonte, como uma prévia do que o fotógrafo reunirá no seu projeto de site, aprovado pelo Fundo Municipal de Incentivo a Cultura. A retrospectiva deve entrar no ar no ano que vem, quando Guto completa 25 anos de ofício.

"Uma coisa que vinha me incomodando terrívelmente de um tempo para cá era chegar no meu escritório, abrir um armário enorme e ver pastas e pastas de negativos com uma história pela qual muita gente do teatro passou, mas à qual as pessoas talvez nunca tivessem acesso" diz.

A fotografia de teatro, afinal, tem para ele dois papéis distintos. O mais imediato - e comercial - é o da divulgação do espetáculo, no sentido de instigar as pessoas a ir vê-lo. "Outro papel importante da fotografia, que vai além desse, é um trabalho de documentação dessa história". Por isso, Guto Muniz vem investindo, cada vez mais, em registrar não apenas o momento da apresentação, mas também o processo de criação. "A fotografia é o que vai ficar."

Há muita responsabilidade nisso. Arte passageira como é, o teatro deixa para a posteridade sempre registros parciais. Nas fotos de Guto essa história se perpetua, filtrada por seu olhar. "Isso é que é um barato e uma responsabilidade muito grande. Fica o que eu ví, mas o que eu ví insitga a lembrança de outras pessoas".

Guto se aproximou do teatro e da fotografia nos primeiros anos de faculdade de publicidade, e o que o fisgou na conjunção das duas artes foi a emoção. "É uma linguagem muito rica, um outro mundo, que escapa ao nosso mundo normal, uma viagem constante, sempre me levando a outros lugares e outras possibilidades", divaga.

Quando empunha a câmera, portanto, está mais preocupado em se deixar levar pela energia do espetáculo do que por questões técnicas, como incorporar a estética do trabalho na fotografia. "As pessoas me perguntam se é possível assistir o espetáculo enquanto estou fotografando. Respondo que só consigo fotografar, porque estou assistindo. Não vou ver os melhores momentos para a fotografia, o que vier está bom; importa o que eu percebí e o que eu sinto".

RECUPERAÇÃO: Nesse primeiro momento do projeto do site - que pode vir a se tornar um portal com colaborações alheias de videos e cartazes dos espetáculos, ampliando seu caráter memorial - o fotógrafo agora se ocupa de catalogar as imagens, que serão acompanhadas de fichas técnicas dos espetáculos e identificação dos fotografados.

Ele estima ter registrado algo em torno de mil espetáculo e nem arrisca dizer quantas fotos. As mais recentes, feitas de 2001 para cá, em formato digital, estão organizadas. O que vai dar trabalho são os velhos filmes, que serão digitalizados e passarão por processo de recuperação.

RETRATO DE CENA

CAMPANHA DE POPULARIZAÇÃO DO TEATRO E DA DANÇA EVIDENCIA GUTO MUNIZ COMO FÓTOGRAFO PREFERIDO DOS GRUPOS DE TEATRO LOCAIS PARA FOTOS DE DIVULGAÇÃO

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*Marcelo Fiuza (Jornal O Tempo 14/01/2005)

Lentes diversas. Equipamento em ordem. Luzes, câmera, ação e clique. Vários cliques. Muita bagagem. Cenas descobertas pelo nu da fotografia. São 11 anos de carreira e o registro de grandes espetáculos. Até a tecnologia digital faz parte desse aprendizado. Hoje, 17 anos depois da primeira cena, Guto Muniz não está preocupado em reunir as mais de 400 fotografias do portfólio em livros ou em montar exposições individuais. A proposta atual é usar o registro que fez, seja para o teatro, a dança ou para os maiores festivais abrigados na cidade com o objetivo de projetar, como um todo, a arte cênica mineira.

O primeiro passo já foi dado. O fotógrafo montou um site com fragmentos desse trabalho. Ele mesmo faz questão de encaminhar o material pela internet. E disponibilizar esse arquivo vivo para os quatro cantos do planeta.

Muita ou pouca luz. Movimento. Cores. Roteiros tão vastos quanto os registros da máquina. O fotógrafo é um tipo de contador de histórias feitas de imagens em policromia ou preto e branco. Do entrosamento com diretores, atores, coreógrafos, iluminadores e do trabalho de campo em bastidores e cenas, surgiu o hábito de antecipar-se às ações. Captar a essência do espetáculo, ainda que o flagrante retrate a “alma” de um boneco,é também um traço marcante no trabalho de Muniz, que começou a fotografar ainda na graduação.

Expressão do olhar

Na oficina de atores da universidade, apaixonou-se pelo teatro e pelas muitas formas de representação da arte. Como não tinha talento para atuar, passou a registrar os espetáculos em fotos. “Meu primeiro trabalho foi para uma tarefa acadêmica, com a peça “Josefina Cantora”, da Cia. Absurda. Logo em sequência fiz ‘A Comédia da Esposa Muda’, do Galpão. Na época, não tinha contratos. Fazia as fotos sem pretensão comercial. Por mim mesmo, para expressar o meu olhar.”.

Chico Pelúcio, coordenador do Grupo Galpão, diz que Muniz tem olhar de diretor. “O Guto é um cara super sensível. Ele consegue registrar os momentos mais importantes do espetáculo”, elogia. Pelúcio aborda também a briga comum entre conteúdo e estética. “A mensagem do teatro é tão importante quanto à estética. Ele faz esse equilíbrio de forma exemplar”, destaca.

Trabalho do artista pode ser conferido em site

Muitos eventos devem ser registrados daqui para frente, mas para este ano, Guto Muniz pretende também recuperar trabalhos antigos. “Preciso organizar esse material”. Já comecei e em algumas fotografias vi imagens que não havia reparado coisas que só agora fazem sentido. A fotografia é atemporal”, revela. Foi ele quem organizou o site www.casadafoto.art.br, onde destaca o trabalho dos 17 anos de carreira. É dessa forma, disponibilizando um portfólio em rede, que Muniz pretende lançar a arte mineira para muito além das montanhas do Estado. “Minha preocupação agora é essa. Fazer as fotos e mostrar o trabalho para todo o mundo”.

Desde os tempos de faculdade, o fotógrafo não parou mais. Ele, que procura construir a história e compor as tramas do espetáculo na cabeça, ficou conhecido no meio e tornou-se uma espécie de referência no mercado. A pontualidade, presteza e auxilio nas produções também são creditados ao seu nome. “Já conhecíamos o trabalho que o Guto fez para o Festival Internacional de Teatro (FIT). Quando decidimos fazer da Mímulus uma companhia de produção de grandes espetáculos de dança, o contratamos. Ele se dedica ao trabalho. Não é apenas aquela coisa de ir ao teatro e fazer as fotos. É preciso conhecer, saber do que se trata o tema, o que é para ser retratado. Acho que o sucesso dos resultados vem também dessa postura, do fato de ele trocar informações com toda a equipe envolvida na produção, do iluminador ao coreógrafo, e continuar a dialogar com a equipe depois de as fotos estarem prontas. Ai sentamos e ele dá palpites, ajuda na seleção e por ai vai”, comenta Jomar Mesquita.

Muniz diz que o momento impresso na foto é apenas uma porta para aguçar a imaginação e subjetividade do espectador. “A fotografia é uma linguagem aberta, sem limites.

As pessoas veem as imagens de formas diferentes.

Espetáculo de dança é novidade no currículo

A dança é um trabalho novo para Guto Muniz, já que foi em 2003 que criou mais intimidade com o segmento. “Sou um fã incondicional dos meus parceiros. Não estava muito habituado a fotografar espetáculos de dança. Foi durante o ano passado que atuei mais no segmento e também me apaixonei. Quando assisti como espectador o ‘De Carne e Sonho’, da Mímulus, fiquei orgulhoso. Pensei: poxa, esse pessoal é muito talentoso. É um privilégio trabalhar para eles!”, conta.

Se Muniz formou-se em publicidade e hoje dá aulas para o curso da Newton de Paiva, não é desse viés que tira o prazer da profissão. A foto publicitária causa-lhe um certo tédio. “ A encomenda desse tipo, na maioria das vezes, é muito padronizada. A foto tende a ser construída como um ideal e de tão moldada parece Xerox. Já o trabalho com cenas de shows, bonecos, teatro e dança libera o lado artístico do profissional”.

Para ele não existe uma descrição de técnicas a serem utilizadas para o desenvolvimento profissional na área artística. É uma questão bem emocional que vem à tona, toma conta do fotógrafo e o faz agir de forma criativa, apesar de quase mecânica. “ O bom trabalho vem daí. A técnica pode ser comparada à linguagem. Se as letras sozinhas não falam nada, saber operar uma máquina é treino, aprendizagem. É preciso mais. O cara tem que saber transmitir o que quer na cabeça, no coração. Costumo dizer que fotografo sonhos. E, isso sim, me dá margem para criar.

O Guto surgiu ainda na infância do belo-horizontino Luiz Augusto Muniz Santos, 38, “coisa de família, se me chamarem de Luiz, demoro pra lembrar que sou eu”. Já o Guto Muniz, fotógrafo dileto das companhias de teatro da cidade, responsável por um sem número de trabalhos de divulgação de montagens, surgiu em 1987, no curso de publicidade da PUC Minas quando ele matriculou-se na obrigatória cadeira de fotografia.

“Um semestre antes, havia feito uma disciplina de teatro, criamos o Grupo Tal, amador, que durou um ano e montamos dois textos de Millôr Fernandes. Mas quando fiz fotografia, me apaixonei pela arte. Sempre gostei de imagem, na minha infância, no centro de Belo Horizonte, estava a no máximo três quarteirões dos cinemas Paladium, Metrópole, Nazaré, Jacques, nas nunca tinha tido a oportunidade de trabalhar na área”, diz Guto, que comparou sua primeira máquina, um Yashica FX_D, naquele ano e tornou-se profissional. Paulatinamente foi se aproximando do meio teatral, registrou um trabalho da Cia Absurda, conheceu o Grupo Galpão e daí sua carreira deslanchou.

CAMPANHA DE POPULARIZAÇÃO DO TEATRO E DA DANÇA EVIDENCIA GUTO MUNIZ COMO FÓTOGRAFO PREFERIDO DOS GRUPOS DE TEATRO LOCAIS PARA FOTOS DE DIVULGAÇÃO

“ O pessoal do Galpão me adotou”, afirma o fotógrafo, que se formou publicitário, é professor, mas gosta mesmo é de registrar artes cênicas. “Hoje, 70% do meu trabalho é com teatro, o resto é de publicidade. Dá menos dinheiro, mas tornei-me professor universitário para ter condições financeiras de fazer o que gosto com fotografia”, explica.

Segundo Guto, que mantém o estúdio Casa da Foto, a razão de ser tão procurado por artistas cênicos está na sua opção de não interferir na iluminação da peça em questão. “Sempre tentei passar a imagem que o espetáculo transmite, a emoção, a mensagem. Uso a luz que esta em cena e o enquadramento remete a determinada situação. Às vezes, recorro a um quadro que não é aquele que está em primeiro plano. Isso se chama alusão ao extra-quadro”, cita, referindo-se a expressão cunhada por Arlindo Machado no livro “A Ilusão Espetacular”.

Hoje, com algumas exposições no currículo, pai de Helena, de três meses e co-autor de “Rever o FIT”, livro de imagens editado em 2001, sobre as cinco primeiras edições do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte, Guto prepara-se para um mestrado, claro, em artes cênicas. Mas não pretende interromper a lida como fotógrafo das peças locais. “ Meu papel é tentar valorizar ao máximo as artes cênicas, divulgar o melhor possível. Quando fotografo uma peça, colo-a no meu site (www.casadafoto.com.br). Desde que não me prejudique, e eu já parei de trabalhar de graça, faço o que for necessário para o trabalho sair”, diz.

O QUE FALAM DO GUTO MUNIZ

“Conheço muito o Guto, é meu amigo há 15 anos, um doce de pessoa e excelente fotógrafo de cena, o que é muito difícil, pois muitas vezes o bom fotógrafo não faz a cena. Ele tem esse dom, consegue acompanhar o feeling do ator, conhece teatro muito bem e acompanha a emoção, o tempo teatral, o que é muito delicado e especial. Ele tem amor pelo teatro e faz com que esse sentimento transpareça nas fotos que tira.

Eduardo Moreira , ator e diretor do Grupo Galpão

“Sempre vi o Guto desenvolvendo essa relação com o teatro, se envolvendo. Ele mergulhou mesmo na área, se tornou um grande fotógrafo de cena e não é fácil captar a emoção, o sentimento do ator. Precisa de muita técnica, mas também é preciso ser uma pessoas extremamente sensível, delicada. Com os anos, ele acabou se aproximando de verdade, tornou-se um amigo muito especial”.

Rose Brant, atriz fotografada por Guto em espetáculos como o musical “Estrela Dalva” e o oficinão do Galpão.

Memória da artes cênicas

Fotógrafo Guto Muniz lança site com registros de espetáculos clicados em seus 25 anos de carreira Obras também integram exposição em BH

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*Jornal Metro – 16/08/2012

Incomodado com o fato de abrigar um acervo com centenas de fotos de espetáculos de teatro e não ter como dividir com o público, o fotógrafo Guto Muniz teve uma ideia: disponibilizar seu vasto material na internet, de graça. Neste domingo, Dia do Ator e Dia Mundial da Fotografia, entra no ar o focoincena.com.br, com a meta de ser um espaço de resgate da memória da artes cênicas. A princípio, ele disponibilizará registros de 400 das 800 peças clicados em seus 25 anos de carreira.

“Nem o próprios atores lembravam dos trabalhos que foram fotografados”, afirma Muniz. A ideia de difundir as imagens foi evoluindo aos poucos. Com um projeto submetido e aprovado pela lei municipal de incentivo à cultura, ele captou recursos para montar um site que, além de foto, terá sinopse e fichas técnicas.

Além do lançamento do novo site, o Memorial Minas Gerais Vale (praça da liberdade) sedia até novembro uma exposição com 120 fotos de espetáculos e grupos de teatro e dança, nacionais e internacionais, algumas assinadas por Muniz. A entrada é franca.

Guto Muniz

O que está acontecendo no mundo fotográfico (Revista Digital Photographer Brasil - 11ª edição)

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Este mineiro tem 24 anos de carreira dedicados ao registro de projetos e festivas de teatro, dança, bonecos e circo e artes cênicas. Desde 1987, forma mais de mil apresentações de manifestações cênicas de diversos estados e países. Responsável pela cobertura de várias edições de alguns de alguns dos mais importantes festivais das artes cênicas da capital mineira, como o FIT – Festival Internacional de Teatro de Bonecos e ECUM – Encontro Mundial das Artes Cênicas, dentre outros. A exposição A Fotografia e o Teatro por Guto Muniz apresenta sete trabalhos realizados pelo fotógrafo no período de 1991 a 2011 no Teatro Sesiminas, de Belo Horizonte, que é uma das principais casas de espetáculo da cidade e acaba de ser reformada e entregue de volta ao público. A mostra vai até 30 de agosto.

Cultura Mineira no foco de Guto Muniz

Aos 17 anos de carreira, o fotógrafo se firma como um dos mais requisitados pelas produções de artes cênicas

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*Laura Valente (Jornal O Tempo 24/02/2004)

Lentes diversas. Equipamento em ordem. Luzes, câmera, ação e clique. Vários cliques. Muita bagagem. Cenas descobertas pelo nu da fotografia. São 17 anos de carreira e o registro de grandes espetáculos. Até a tecnologia digital faz parte desse aprendizado. Hoje, 17 anos depois da primeira cena, Guto Muniz não está preocupado em reunir as mais de 400 fotografias do portfólio em livros ou em montar exposições individuais. A proposta atual é usar o registro que fez, seja para o teatro, a dança ou para os maiores festivais abrigados na cidade com o objetivo de projetar, como um todo, a arte cênica mineira.

O primeiro passo já foi dado. O fotógrafo montou um site com fragmentos desse trabalho. Ele mesmo faz questão de encaminhar o material pela internet. E disponibilizar esse arquivo vivo para os quatro cantos do planeta.

Muita ou pouca luz. Movimento. Cores. Roteiros tão vastos quanto os registros da máquina. O fotógrafo é um tipo de contador de histórias feitas de imagens em policromia ou preto e branco. Do entrosamento com diretores, atores, coreógrafos, iluminadores e do trabalho de campo em bastidores e cenas, surgiu o hábito de antecipar-se às ações. Captar a essência do espetáculo, ainda que o flagrante retrate a “alma” de um boneco,é também um traço marcante no trabalho de Muniz, que começou a fotografar ainda na graduação.

Expressão do olhar

Na oficina de atores da universidade, apaixonou-se pelo teatro e pelas muitas formas de representação da arte. Como não tinha talento para atuar, passou a registrar os espetáculos em fotos. “Meu primeiro trabalho foi para uma tarefa acadêmica, com a peça “Josefina Cantora”, da Cia. Absurda. Logo em sequência fiz ‘A Comédia da Esposa Muda’, do Galpão. Na época, não tinha contratos. Fazia as fotos sem pretensão comercial. Por mim mesmo, para expressar o meu olhar.”.

Chico Pelúcio, coordenador do Grupo Galpão, diz que Muniz tem olhar de diretor. “O Guto é um cara super sensível. Ele consegue registrar os momentos mais importantes do espetáculo”, elogia. Pelúcio aborda também a briga comum entre conteúdo e estética. “A mensagem do teatro é tão importante quanto à estética. Ele faz esse equilíbrio de forma exemplar”, destaca.

Trabalho do artista pode ser conferido em site

Muitos eventos devem ser registrados daqui para frente, mas para este ano, Guto Muniz pretende também recuperar trabalhos antigos. “Preciso organizar esse material”. Já comecei e em algumas fotografias vi imagens que não havia reparado coisas que só agora fazem sentido. A fotografia é atemporal”, revela. Foi ele quem organizou o site www.casadafoto.art.br, onde destaca o trabalho dos 17 anos de carreira. É dessa forma, disponibilizando um portfólio em rede, que Muniz pretende lançar a arte mineira para muito além das montanhas do Estado. “Minha preocupação agora é essa. Fazer as fotos e mostrar o trabalho para todo o mundo”.

Desde os tempos de faculdade, o fotógrafo não parou mais. Ele, que procura construir a história e compor as tramas do espetáculo na cabeça, ficou conhecido no meio e tornou-se uma espécie de referência no mercado. A pontualidade, presteza e auxilio nas produções também são creditados ao seu nome. “Já conhecíamos o trabalho que o Guto fez para o Festival Internacional de Teatro (FIT). Quando decidimos fazer da Mímulus uma companhia de produção de grandes espetáculos de dança, o contratamos. Ele se dedica ao trabalho. Não é apenas aquela coisa de ir ao teatro e fazer as fotos. É preciso conhecer, saber do que se trata o tema, o que é para ser retratado. Acho que o sucesso dos resultados vem também dessa postura, do fato de ele trocar informações com toda a equipe envolvida na produção, do iluminador ao coreógrafo, e continuar a dialogar com a equipe depois de as fotos estarem prontas. Ai sentamos e ele dá palpites, ajuda na seleção e por ai vai”, comenta Jomar Mesquita.

Muniz diz que o momento impresso na foto é apenas uma porta para aguçar a imaginação e subjetividade do espectador. “A fotografia é uma linguagem aberta, sem limites.

As pessoas veem as imagens de formas diferentes.

Espetáculo de dança é novidade no currículo

A dança é um trabalho novo para Guto Muniz, já que foi em 2003 que criou mais intimidade com o segmento. “Sou um fã incondicional dos meus parceiros. Não estava muito habituado a fotografar espetáculos de dança. Foi durante o ano passado que atuei mais no segmento e também me apaixonei. Quando assisti como espectador o ‘De Carne e Sonho’, da Mímulus, fiquei orgulhoso. Pensei: poxa, esse pessoal é muito talentoso. É um privilégio trabalhar para eles!”, conta.

Se Muniz formou-se em publicidade e hoje dá aulas para o curso da Newton de Paiva, não é desse viés que tira o prazer da profissão. A foto publicitária causa-lhe um certo tédio. “ A encomenda desse tipo, na maioria das vezes, é muito padronizada. A foto tende a ser construída como um ideal e de tão moldada parece Xerox. Já o trabalho com cenas de shows, bonecos, teatro e dança libera o lado artístico do profissional”.

Para ele não existe uma descrição de técnicas a serem utilizadas para o desenvolvimento profissional na área artística. É uma questão bem emocional que vem à tona, toma conta do fotógrafo e o faz agir de forma criativa, apesar de quase mecânica. “ O bom trabalho vem daí. A técnica pode ser comparada à linguagem. Se as letras sozinhas não falam nada, saber operar uma máquina é treino, aprendizagem. É preciso mais. O cara tem que saber transmitir o que quer na cabeça, no coração. Costumo dizer que fotografo sonhos. E, isso sim, me dá margem para criar.

Lentes dos bambas eternizam os palcos

O bichinho que mordeu Guto

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*Miguel Anunciação (Jornal Hoje em Dia 13/01/2002)

Costuma-se dizer que, infelizmente, o público da Campanha de Popularização do Teatro só é público de teatro nas campanhas. Mas que compensaria a baixa quilometragem teatral com imensa animação, vendo mais que um ou dois espetáculos, aproveitando que entre janeiro e fevereiro os preços dos ingressos estão bastante em conta. As lentes de certos bambas da imagem das artes cênicas diminuíram essa suposta escassez de informação.

Nosso foco, portanto, é a fotografia, quem prioriza os palcos – em especial, os cinco mais conceituados e ativos fotógrafos da praça. Porque se uma imagem vale mesmo mais que mil palavras, num clique só estes profissionais descrevem, sintetizam, antecipam. Tipo “você vai ver depois o que está vendo agora”.

E já que eles fixariam impressões sobre uma peça, assumiriam importância comparável a um boca-a-boca. Atrairiam ou afastariam espectadores. Para o bem ou para o mal, eles são indesviáveis. Importantíssimo nestes tempos em que as imagens se impõem. Talvez mais rapidamente, impressionantes e informativas do que quaisquer palavras.

As fotos que ilustram esta página são as preferidas dos cinco: Guto, Hamilton, Kika, Paulo e Pedro. As melhores que realizaram para o teatro e para espetáculos incluídos nesta 28 Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. A melhor imagem de si mesmos? As que conseguiram mirando outros personagens, dizem. No caso, os personagens do teatro.

O bichinho que mordeu Guto

Se o próprio mercado corrobora, não é demais eleger as lentes de Guto Muniz como as mais benquistas e benfazejas das artes cênicas de Minas. “Tive um ano bom, produtivo, só isso” tangencia. Por “ano bom”, contabilize: só nesta Campanha, 17 montagens requisitaram o plus deste profissional há 14 anos, que virou fotógrafo por acaso. Por compromisso didático.

“Fazia monitoria em Fotografia em 1988, quando o Galpão foi à PUC com ‘A Comédia da Esposa Muda’. Digo que fui picado imediatamente pelo bichinho do teatro”, brinca. Poucos anos depois, a relação estabelecida com a Publicidade de inverteu: “Passei a trabalhar mais para o meio artístico, o que sempre foi minha paixão”, define.

O objeto de desejo não lhe tem siso indiferente: “No começo, achava que nunca daria pra viver só de teatro, o meu sonho. Nos últimos quatro, cinco anos, no entanto, a realidade tem melhorado muito. Sabe que eu até tenho conseguido?”, revela. Conseguido em termos: “70% do meu trabalho são para as artes cênicas – inclua ai programação visual, cartazes, programas -, só 30% para a publicidade”. E comemora assim mesmo.

Guto Muniz prepara novos registros da cultura mineira

Fotógrafo ganhou projeção documentando espetáculos do Grupo Galpão

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* Rodrigo Guedes Mascarenhas (Jornal Gazeta Mercantil 25/06/2001)

O fotógrafo belo-horizontino Guto Muniz, especializado em fotos da área de cultura, se prepara para retratar mais um evento de grande porte a se realizar na capital mineira de 2 a 12 de agosto, o segundo Festival Internacional Telemig Celular de Teatro de Bonecos. No mês passado, uma publicação especial dedicada às edições de 1996 a 2000 do Festival Internacional de Teatro e Rua, intitulada “Rever o FIT”, reuniu fotos de Guto Muniz e outros três profissionais.

Atualmente, o fotógrafo oficial do Grupo Galpão está entre os mais requisitados para retratar espetáculos produzidos em Minas e que chegam ao estado por meio dos eventos nacionais e internacionais de artes cênicas.

As primeiras fotos de teatro tiradas de forma amadora por Guto Muniz, com equipamento Yashica FXD, foram da montagem “Comédia da Esposa Muda que Falava mais que Pobre na Chuva”, do Grupo Galpão, e, 1988, como exercício para as aulas de fotografia da faculdade. Antes de cursar Publicidade e Propaganda na PUC Minas, ele se tornou Técnico em Eletrônica e chegou a cogitar a ideia de ingressar no curso de Engenharia. A área da comunicação e da cultura falaram mais alto.

No primeiro período, a disciplina de teatro possibilitou a Guto e a outros estudantes de Publicidade a montagem de uma peça, que originou, por pouco tempo, um grupo amador de teatro. “Mas me encaixava muito mais como fotógrafo que como ator” recorda.

Ao longo da formação universitária, Guto se tornou monitor de fotografia e foi aprofundando seus conhecimentos por conta própria. “Como 90% dos fotógrafos, fui autodidata. Fiz várias oficinas no Festival de Inverno da UFMG e cursos no Rio e em São Paulo”, revela. Por muitos anos, os fotógrafos especializados em cultura atuavam na Fundação Clóvis Salgado e se tornavam referência em Belo Horizonte, como Waldir Lau e Carlos Ernesto Falci.

A ampliação do mercado cultural da capital, com o surgimento de grupos e espaços voltados às artes, criou campo de atuação para novos profissionais como Guto.

Hoje, já são 15 anos flagrando imagens de atores, bailarinos e músicos de mais de 200 montagens de teatro, dança e shows. “Na maioria das vezes, realizo meu trabalho no decorrer dos espetáculos. É no palco, com a luz, a música e a plateia, que a cena ganha emoção. Esse conjunto de fatores faz as melhores imagens”. O fotógrafo revela que a dinâmica de fotografar os espetáculos ao vivo foi aprendendo com o tempo. Segundo Guto, estar presente pelo menos duas vezes na mesma montagem é um fator fundamental na produção de boas fotos. Para agilizar o trabalho e não incomodar a plateia, ele evita o uso de tripé. Passar despercebido pelo público, aliás, é uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo fotógrafo. Durante o FIT-96, Guto lembra que as camisetas da equipe de produção eram brancas, o que ressaltava seus movimentos em meio aos espectadores. “Parecíamos fantasmas no escuro. Atualmente, me visto todo de preto nessas ocasiões, só tenho blusas pretas no armário, mas mesmo assim levo muito pito da plateia” se diverte.

A iluminação de espetáculos é outro obstáculo a ser enfrentado pelo fotógrafo. “Acredito nos iluminadores e aproveito a luz das cenas na composição das minhas fotos. Gosto muito das imagens que registram o movimento de atores e bailarinos. As manchas dos gestos dão vida ás fotografias.”

A despreocupação técnica, Guto adquiriu com a experiência. No olho, sem precisar conferir a toda hora o fotômetro, ele aciona a câmera. “É quase como passar a marcha de um carro. Esse é o diferencial do profissional que consegue assistir aos espetáculos e fotografá-los.” O resultado final não deixa de ser uma surpresa para o fotógrafo mineiro que calcula a média de aproveitamento de 12 fotos de um filme de 36 poses que utiliza.

Os benefícios trazidos pela avançada tecnologia dos produtos fotográficos ajudam o trabalho de Guto. Câmeras menos barulhentas, objetivas mais luminosas, edição e tratamento de imagens por computador, gravação das fotos em CD para enviar à imprensa só facilitam a atividade do fotógrafo mineiro, que atua também na área de foto publicitária. A rapidez dos processos de revelação é outra vantagem apontada pelo profissional. “Acaba com o estresse de esperar o resultado. Muitas vezes tenho que tirar fotos de companhias internacionais que permanecem pouco tempo nos festivais e sem saber como ficou as fotos não posso repeti-las. Hoje, esse processo se tornou mais simples”, explica.

Adepto dos equipamentos Nikon há mais de dez anos anos, Guto, que se tornou professor da faculdade na qual se formou, afirma que ainda está na era semi-digital, pois os equipamentos estão muito caros. Mas não vê a hora de aproveitar o máximo de recursos da tecnologia.

“Hoje, tenho um scanner e um computador para editar o material que produzo. Mas tenho consciência de que ter uma infinidade de recursos sem dominá-los é uma passo para ficar refém das novidades técnicas”, pondera.

O estúdio Casa da Foto, criado por Guto em 1991, não poderia ter tido local mais adequado que o Galpão Cine Horto, sede do Grupo Galpão. Envolvido num ambiente de intensa produção cultural, com teatro, cinema, atores e ideias sempre em circulação, o fotógrafo pode usar e abusar da criatividade artística para compor seu trabalho.

FOCO NA CENA

Guto Muniz, o mais ativo fotógrafo das artes cênicas em Minas Gerais, abre ao público, na internet, parte de seu acervo de mais de 40 mil imagens de espetáculos de dança e teatro

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* Walter Sebastião (Jornal Estado de Minas 23/03/2009)

O fotógrafo belo-horizontino Guto Muniz, especializado em fotos da área de cultura, se prepara para retratar mais um evento de grande porte a se realizar na capital mineira de 2 a 12 de agosto, o segundo Festival Internacional Telemig Celular de Teatro de Bonecos. No mês passado, uma publicação especial dedicada às edições de 1996 a 2000 do Festival Internacional de Teatro e Rua, intitulada “Rever o FIT”, reuniu fotos de Guto Muniz e outros três profissionais.

Atualmente, o fotógrafo oficial do Grupo Galpão está entre os mais requisitados para retratar espetáculos produzidos em Minas e que chegam ao estado por meio dos eventos nacionais e internacionais de artes cênicas.

As primeiras fotos de teatro tiradas de forma amadora por Guto Muniz, com equipamento Yashica FXD, foram da montagem “Comédia da Esposa Muda que Falava mais que Pobre na Chuva”, do Grupo Galpão, e, 1986, como exercício para as aulas de fotografia da faculdade. Antes de cursar Publicidade e Propaganda na PUC Minas, ele se tornou Técnico em Eletrônica e chegou a cogitar a ideia de ingressar no curso de Engenharia. A área da comunicação e da cultura falaram mais alto.

No primeiro período, a disciplina de teatro possibilitou a Guto e a outros estudantes de Publicidade a montagem de uma peça, que originou, por pouco tempo, um grupo amador de teatro. “Mas me encaixava muito mais como fotógrafo que como ator” recorda.

Ao longo da formação universitária, Guto se tornou monitor de fotografia e foi aprofundando seus conhecimentos por conta própria. “Como 90% dos fotógrafos, fui autodidata. Fiz várias oficinas no Festival de Inverno da UFMG e cursos no Rio e em São Paulo”, revela. Por muitos anos, os fotógrafos especializados em cultura atuavam na Fundação Clóvis Salgado e se tornavam referência em Belo Horizonte, como Waldir Lau e Carlos Ernesto Falci.

A ampliação do mercado cultural da capital, com o surgimento de grupos e espaços voltados às artes, criou campo de atuação para novos profissionais como Guto.

Hoje, já são 15 anos flagrando imagens de atores, bailarinos e músicos de mais de 200 montagens de teatro, dança e shows. “Na maioria das vezes, realizo meu trabalho no decorrer dos espetáculos. É no palco, com a luz, a música e a plateia, que a cena ganha emoção. Esse conjunto de fatores faz as melhores imagens”. O fotógrafo revela que a dinâmica de fotografar os espetáculos ao vivo foi aprendendo com o tempo. Segundo Guto, estar presente pelo menos duas vezes na mesma montagem é um fator fundamental na produção de boas fotos. Para agilizar o trabalho e não incomodar a plateia, ele evita o uso de tripé. Passar despercebido pelo público, aliás, é uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo fotógrafo. Durante o FIT-96, Guto lembra que as camisetas da equipe de produção eram brancas, o que ressaltava seus movimentos em meio aos espectadores. “Parecíamos fantasmas no escuro. Atualmente, me visto todo de preto nessas ocasiões, só tenho blusas pretas no armário, mas mesmo assim levo muito pito da plateia” se diverte.

A iluminação de espetáculos é outro obstáculo a ser enfrentado pelo fotógrafo. “Acredito nos iluminadores e aproveito a luz das cenas na composição das minhas fotos. Gosto muito das imagens que registram o movimento de atores e bailarinos. As manchas dos gestos dão vida ás fotografias.”

A despreocupação técnica, Guto adquiriu com a experiência. No olho, sem precisar conferir a toda hora o fotômetro, ele aciona a câmera. “É quase como passar a marcha de um carro. Esse é o diferencial do profissional que consegue assistir aos espetáculos e fotografá-los.” O resultado final não deixa de ser uma surpresa para o fotógrafo mineiro que calcula a média de aproveitamento de 12 fotos de um filme de 36 poses que utiliza.

Os benefícios trazidos pela avançada tecnologia dos produtos fotográficos ajudam o trabalho de Guto. Câmeras menos barulhentas, objetivas mais luminosas, edição e tratamento de imagens por computador, gravação das fotos em CD para enviar à imprensa só facilitam a atividade do fotógrafo mineiro, que atua também na área de foto publicitária. A rapidez dos processos de revelação é outra vantagem apontada pelo profissional. “Acaba com o estresse de esperar o resultado. Muitas vezes tenho que tirar fotos de companhias internacionais que permanecem pouco tempo nos festivais e sem saber como ficou as fotos não posso repeti-las. Hoje, esse processo se tornou mais simples”, explica.

Adepto dos equipamentos Nikon há mais de dez anos anos, Guto, que se tornou professor da faculdade na qual se formou, afirma que ainda está na era semi-digital, pois os equipamentos estão muito caros. Mas não vê a hora de aproveitar o máximo de recursos da tecnologia.

“Hoje, tenho um scanner e um computador para editar o material que produzo. Mas tenho consciência de que ter uma infinidade de recursos sem dominá-los é uma passo para ficar refém das novidades técnicas”, pondera.

O estúdio Casa da Foto, criado por Guto em 1991, não poderia ter tido local mais adequado que o Galpão Cine Horto, sede do Grupo Galpão. Envolvido num ambiente de intensa produção cultural, com teatro, cinema, atores e ideias sempre em circulação, o fotógrafo pode usar e abusar da criatividade artística para compor seu trabalho.

Guto Muniz, 43 anos, mineiro de Belo Horizonte. O nome é pouco conhecido, mas trata-se de personalidade das artes cênicas. Não é ator, diretor ou autor de peças. Mas o fotógrafo que, há duas décadas, registra minuciosamente a mais efêmera das artes. Período em que o movimento teatral explodiu e grupos de todo o mundo se apresentaram na cidade. O resultado é acervo de cerca de 10 mil negativos, cerca de 30 mil imagens digitais, com criações de centenas de grupos. Arquivo monumental que, boa noticia, está aberto ao público pelo endereço www.gutomuniz.com.br. Não é só documentação histórica, feita com total consciência da importância do momento vivido e encantamento pelo visto, mas recriação das performances em outra mídia. É teatro em foto.

Cauteloso, com sorriso que carrega alguma ironia, Guto Muniz, descarta aproximações do seu trabalho com a atividade de diretores, dramaturgos ou ator. Sequer sonha com qualquer uma dessas funções, mesmo já tendo, há mais de 20 anos, estado no palco como ator. “É o ponto de vista do público”, afirma, em seu escritório instalado na casa em São Sebastião das Águas Claras (Macacos). A frase pode soar estranha, diante de imagens tão pessoais, mas tem explicação: “Sou fã incondicional de muitas pessoas para quem trabalho. Do Galpão, da Mimulus Cia. De Dança, do 1 Ato, do Espanca, do Odeon, da Quick e de muitos outros”, enumera com intimidade de quem conhece as estéticas, montagens e integrantes de cada um dos grupos.

“ O nosso teatro não deixa a desejar a nenhum outro do mundo. Temos muitas coisas ruins, algumas até lamentáveis, mas temos muita gente fazendo coisas boas”, afirma Guto Muniz, O fotógrafo frisa que não é elogio gratuito. “ A força do que PE feito em Belo Horizonte talvez venha do desejo de querer fazer teatro. E, para isso, enfrentam-se todos os obstáculos. Não é característica só do teatro de Minas Gerais, mas do teatro brasileiro”, completa. Move a atividade do fotógrafo encanto irrestrito pelas artes cênicas: “É história inesgotável, possibilidade de viajar para todos os universos e tempos. Fotografando, tenho possibilidade de eternizar esse momento mágico”, explica.

O interesse por artes cênicas e fotografia vem dos tempos de escola, fazendo curso de publicidade na PUC Minas. Guto Muniz nem era ligado a esses assuntos. Uma disciplina de teatro, no primeiro período, foi o suficiente para dar vida à paixão pelos palcos. Quando, no segundo período, fazendo disciplina de fotografia, teve acesso a equipamentos, correu para fotografar o que acontecia no teatro. “Revelei o filme, vi aquelas figurinhas no negativo e tive a certeza de que queria ser fotógrafo de cena. É janela para outros mundos”, garante. O que não era nada simples. “Se hoje dá pouco dinheiro, na época não dava nenhum”, recorda. Os primeiros trabalhos foram Antígona, da Sonho e Drama; Fim de jogo, de Eid Ribeiro; Josefina, a cantora, de Carlos Rocha. “ E o povo me adotou”, recorda.

ARMÁRIO CHEIO

O site com portfólio com 50 imagens e arquivo com 21 espetáculos surgiu de crise pessoal, ao ver armário cheio de negativos com história e memória das artes cênicas, em contexto que pouco é feito com relação ao tema. Não chama para si a responsabilidade em pesquisar o assunto. Apenas observa que não se trata de projeto visando divulgação pessoal. Conta que pretende, aos poucos (ele é professor de faz trabalhos para publicidade), organizar as imagens com fichas técnicas e sinopses. Enfrentando, assim, descuido da categoria com sua história e carreira. Sonha outros projetos a partir do material: imagens criadas com atores e atrizes “e meus amigos da ficha técnica”. E também alguns filmes – “Hoje é extensão do nosso trabalho”. E ainda pequena coleção de livros a partir do acervo.

“Vejo o espetáculo fotografando”, explica Guto Muniz, contando que evita ver a peça com antecedência. “É energia em cena. Interromper a ação quebra a magia”, garante. Chega cedo ao teatro, procura conhecer a sinopse do espetáculo e estuda o palco. “Procuro ficar o mais neutro possível. Digo para as pessoas: se precisar, passem por cima de mim”, brinca. Em ação, veste sempre roupas pretas, equipamentos silenciosos e não usa flash. “ Se você se dedica de verdade a algo, descobre que aquele universo é muito maior do que imaginava. A foto não fica alheia a esse sentimento. Infelizmente, nosso contexto não permite dedicação integral a um setor”, pondera, Guto Muniz, que é diretor regional da Associação Nacional de Fotografia, avalia a situação da atividade em Belo Horizonte e diz que é a mesma do teatro: “ Muitos trabalhos de qualidade, mas pouco conhecidos do público”.

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