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Guto Muniz prepara novos registros da cultura mineira

* Rodrigo Guedes Mascarenhas (Jornal Gazeta Mercantil 25/06/2001)

O fotógrafo belo-horizontino Guto Muniz, especializado em fotos da área de cultura, se prepara para retratar mais um evento de grande porte a se realizar na capital mineira de 2 a 12 de agosto, o segundo Festival Internacional Telemig Celular de Teatro de Bonecos. No mês passado, uma publicação especial dedicada às edições de 1996 a 2000 do Festival Internacional de Teatro e Rua, intitulada “Rever o FIT”, reuniu fotos de Guto Muniz e outros três profissionais.

Atualmente, o fotógrafo oficial do Grupo Galpão está entre os mais requisitados para retratar espetáculos produzidos em Minas e que chegam ao estado por meio dos eventos nacionais e internacionais de artes cênicas.

As primeiras fotos de teatro tiradas de forma amadora por Guto Muniz, com equipamento Yashica FXD, foram da montagem “Comédia da Esposa Muda que Falava mais que Pobre na Chuva”, do Grupo Galpão, e, 1988, como exercício para as aulas de fotografia da faculdade. Antes de cursar Publicidade e Propaganda na PUC Minas, ele se tornou Técnico em Eletrônica e chegou a cogitar a ideia de ingressar no curso de Engenharia. A área da comunicação e da cultura falaram mais alto.

No primeiro período, a disciplina de teatro possibilitou a Guto e a outros estudantes de Publicidade a montagem de uma peça, que originou, por pouco tempo, um grupo amador de teatro. “Mas me encaixava muito mais como fotógrafo que como ator” recorda.

Ao longo da formação universitária, Guto se tornou monitor de fotografia e foi aprofundando seus conhecimentos por conta própria. “Como 90% dos fotógrafos, fui autodidata. Fiz várias oficinas no Festival de Inverno da UFMG e cursos no Rio e em São Paulo”, revela. Por muitos anos, os fotógrafos especializados em cultura atuavam na Fundação Clóvis Salgado e se tornavam referência em Belo Horizonte, como Waldir Lau e Carlos Ernesto Falci.

A ampliação do mercado cultural da capital, com o surgimento de grupos e espaços voltados às artes, criou campo de atuação para novos profissionais como Guto.

Hoje, já são 15 anos flagrando imagens de atores, bailarinos e músicos de mais de 200 montagens de teatro, dança e shows. “Na maioria das vezes, realizo meu trabalho no decorrer dos espetáculos. É no palco, com a luz, a música e a plateia, que a cena ganha emoção. Esse conjunto de fatores faz as melhores imagens”. O fotógrafo revela que a dinâmica de fotografar os espetáculos ao vivo foi aprendendo com o tempo. Segundo Guto, estar presente pelo menos duas vezes na mesma montagem é um fator fundamental na produção de boas fotos. Para agilizar o trabalho e não incomodar a plateia, ele evita o uso de tripé. Passar despercebido pelo público, aliás, é uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo fotógrafo. Durante o FIT-96, Guto lembra que as camisetas da equipe de produção eram brancas, o que ressaltava seus movimentos em meio aos espectadores. “Parecíamos fantasmas no escuro. Atualmente, me visto todo de preto nessas ocasiões, só tenho blusas pretas no armário, mas mesmo assim levo muito pito da plateia” se diverte.

A iluminação de espetáculos é outro obstáculo a ser enfrentado pelo fotógrafo. “Acredito nos iluminadores e aproveito a luz das cenas na composição das minhas fotos. Gosto muito das imagens que registram o movimento de atores e bailarinos. As manchas dos gestos dão vida ás fotografias.”

A despreocupação técnica, Guto adquiriu com a experiência. No olho, sem precisar conferir a toda hora o fotômetro, ele aciona a câmera. “É quase como passar a marcha de um carro. Esse é o diferencial do profissional que consegue assistir aos espetáculos e fotografá-los.” O resultado final não deixa de ser uma surpresa para o fotógrafo mineiro que calcula a média de aproveitamento de 12 fotos de um filme de 36 poses que utiliza.

Os benefícios trazidos pela avançada tecnologia dos produtos fotográficos ajudam o trabalho de Guto. Câmeras menos barulhentas, objetivas mais luminosas, edição e tratamento de imagens por computador, gravação das fotos em CD para enviar à imprensa só facilitam a atividade do fotógrafo mineiro, que atua também na área de foto publicitária. A rapidez dos processos de revelação é outra vantagem apontada pelo profissional. “Acaba com o estresse de esperar o resultado. Muitas vezes tenho que tirar fotos de companhias internacionais que permanecem pouco tempo nos festivais e sem saber como ficou as fotos não posso repeti-las. Hoje, esse processo se tornou mais simples”, explica.

Adepto dos equipamentos Nikon há mais de dez anos anos, Guto, que se tornou professor da faculdade na qual se formou, afirma que ainda está na era semi-digital, pois os equipamentos estão muito caros. Mas não vê a hora de aproveitar o máximo de recursos da tecnologia.

“Hoje, tenho um scanner e um computador para editar o material que produzo. Mas tenho consciência de que ter uma infinidade de recursos sem dominá-los é uma passo para ficar refém das novidades técnicas”, pondera.

O estúdio Casa da Foto, criado por Guto em 1991, não poderia ter tido local mais adequado que o Galpão Cine Horto, sede do Grupo Galpão. Envolvido num ambiente de intensa produção cultural, com teatro, cinema, atores e ideias sempre em circulação, o fotógrafo pode usar e abusar da criatividade artística para compor seu trabalho.

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