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Olhar especial para a emoção

*Walter Sebastião (Jornal Estado de Minas 04/02/2004)

Sintetizar a proposta de uma peça de teatro em fotos é o oficio de alguns profissionais. A tarefa cobra responsabilidade, afinal, estas imagens são a primeira informação que o publico tem sobre um espetáculo. Mas é também puro prazer, garantem os envolvidos na atividade, saudando liberdades criativas que fazem com que se sintam intérpretes de interpretações. É trabalho, mas movido também por relações de afeto com os envolvidos em um espetáculo. Todos avisam que a prática foi muito importante para sua formação, pelo aprendizado de um olhar: aquele que afirma a atenção ao ser humano, mas também ao personagem que cada um interpreta na vida.

As imagens de cerca de um terço dos 50 espetáculos atualmente em cartaz têm a mesma assinatura: a do fotógrafo Guto Muniz, de 37 anos. Quando ele comprou sua primeira câmera, há 17 anos, ainda no curso de publicidade, foi se exercitar fazendo imagens de peças de teatro. E desde então não parou mais. Ele é o dono de um acervo com imagens de mais de 400 espetáculos e quase 10 mil fotos que gostaria de ver em livro. Ontem e hoje, garante, no centro de tudo está o mesmo motivo: “É a emoção do teatro, a plasticidade das cenas, o prazer de mostrar o que me toca numa montagem”, explica. Defende imagens calorosas, expressivas, como a melhor comunicação.

Kika Antunes, de 34 anos, tomou gosto pelo foto de cena por intermédio de Guto Muniz, de quem foi assistente e parceira. Gosta de fazer suas imagens sem ver ensaios ou então, no palco mesmo, rente ao ator, em ambos os casos interessada em “energia dramática”, surpresa, tensão. “Um ator interpretando é sempre impressionante, é alguém que viaja num outro universo dela mesma”, conta. “E é uma experiência muito forte observá-los de perto, sentindo o hálito, a respiração, o movimento”, acrescenta. Com relação aos desafios postos à fotografia de cena, considera que o essencial é a articulação de tudo que faz o espetáculo: atores, luz, texto, cenários, conceitos etc.

Pedro Motta, de 26 anos, também já fez foto de teatro e anda às voltas com imagens de shows e concertos. Particularmente importante foi o trabalho realizado para o Grupo Giramundo. “Achava que o boneco era um produto e aprendi com Álvaro Apocalypse que, quando iluminado, manipulado, é um ser vivo”, recorda. Considera que, se é importante passar informação correta para o público sobre o que é o espetáculo, não se deve contentar apenas com o registro: “A imagem deve ser estética, deve ter apuro e potencializar o que é a ideia do diretor para o espetáculo. E apresentar a visão do fotógrafo. Se não fica tudo muito igual, muito padronizado”, observa.

O que o teatro ensina ao fotógrafo? “Mexe muito com a cabeça da gente, faz enxergar as coisas de um modo novo” responde Guto Muniz. “Ensina a transformar situações complexas em imagem fotográfica”, observa Pedro Motta, dizendo que, hoje, na hora de fazer fotos institucionais, por exemplo, sabe que é essencial transformar o modelo em personagem. “O teatro ensina a olhar o ser humano, a ver as pessoas com sua carga dramática”, completa Kika Antunes, dizendo que é um saber que vale até na hora de fotografar casamento.

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