foco in cena

Ana, "A Moça de Luvas", é uma operadora de telemarketing oprimida e vítima do sistema de gestão 'Taylorizado'. Ao fim de uma jornada dupla de trabalho exaustivo, recebe uma notificação de seu chefe sobre a sua baixa produtividade. Com o risco de perder o emprego atormentando, ela troca de roupa e, num ônibus lotado, enfrenta o constante engarrafamento da nossa sociedade insustentável.

Finalmente, Ana chega à estação de trem a tempo de pegar o último Trem da noite para então retornar à sua casa. Essa bomba-relógio entra no Vagão. Ernesto, um homem estranho, se aproxima e, confiante na sobrevivência das simples relações humanas, tenta puxar conversa. Ela ignora, ele insiste. Ana perde a paciência e explode. Num grito de socorro, ela desabafa relatando a atual condição do trabalhador comum; a deterioração da mobilidade urbana causada pelo excesso do uso de carros (geralmente contendo apenas uma pessoa); e a consequente falta de saúde emocional que indisponibiliza o indivíduo a inter-relacionar harmoniosamente.

Ernesto, finalmente, consegue persuadir Ana que, liberta da pressão e provida da tão comum carência afetiva, vai se entregando e sendo resgatada do atropelamento cotidiano em que vive. A cada estação algo é desvendado. O casal troca confidências e começa o jogo da sedução. Humanos se envolvem. O trem chega à estação de Ana. A Moça de Luvas desce; e enquanto ilude sua mente, com a ideia de ter encontrado o amor, as portas do vagão vão se fechando. Um relacionamento da "Modernidade Líquida" de Bauman - um trem passageiro.

Ficha Técnica