



Trivial Simples
Grupo Teatral Encena (MG / Brasil)
Direção: Wilson Oliveira
(1991)
O cotidiano. O trabalho. O lar. A sedução. A violência. A dominação. A culpa. O sim e o não. O prazer. O poder. A morte.
Sobre esses signos as sete jornadas da peça de Nelson Xavier são construídas. Uma peça que de trivial simples só tem a aparência. O trivial cotidiano, a vida simples e barata que os personagens representam. Oscar e Ema no ritual doméstico, entre cobranças e desejo de felicidade.
O tema do não - o dizer sim/não ao poder do chefe vampirizado - se infiltra na casa do funcionário, e se transforma no "não saber dizer não", na busca de segurança. Não se consegue abolir a opressão, uma das formas em que a sedução se apresenta no mundo. Virulência que contagia, a luta pelo poder, fora e dentro de casa, e satura o casal, pouco a pouco, da primeira a última jornada.
O sexo se torna terror. O chicote entra em cena. E a dança porrada. O gozo é negado. Verdadeiro contágio do terror, e ao mesmo tempo, seu fascínio. Entre chazinhos e banhos de assentos, os personagens vão construindo o fatal, o que resta de seus sexos - "essa partícula do destino que nos resta".
Servidão ao chefe. Servidão ao marido. Servidão voluntária e incertezas involuntárias. Se o sistema de poder organiza como pode a ordem, o indivíduo falido moral e economicamente constrói sua desordem. Oscar e Ema se destroem ou são destruídos por um vírus devastador que se apodera do oprimido - a violência da debilidade diante da sedução e do poder. Oscar e Ema teriam direito ao desejo, ao gozo? Ou à vida? Tudo se torna absurdo diante da morte. Direito à morte. Eis o absurdo que nos coloca Nelson Xavier, e que Wilson Oliveira, em sua direção sublinha. A abolição do direito e do prazer acarreta a liberação do crime. Formas monstruosas da alteridade.
Vera Casa Nova
(Professora de Teoria da Literatura ?" UFMG) ?" Setembro / 1991
Texto transcrito a partir do programa original do espetáculo
As fotografias deste espetáculo foram feitas em filme e digitalizadas no âmbito do projeto "O teatro em BH no final do Século XX - digitalização do acervo de Guto Muniz". Projeto nº 0821/2020
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Autor:
Nelson XavierEm cena:
Yara de Novaes, Gustavo WerneckDireção:
Wilson OliveiraAssistente de direção:
Paulo AndréConcepção do cenário:
O grupoDesenho:
Ivana AndrésExecução do cenário:
Felício Alves e Ricardo BahFigurino:
Wanda SgarbiIluminação:
Felício AlvesTrilha sonora:
Cláudia Cimbléris e Cláudio BrantGravação da trilha:
Marcelo AlkimimMaquilagem:
Make-up CompanyProgramação visual:
FerruccioDivulgação:
Wilson OliveiraProdução:
Grupo Teatral Encena