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FOTOGRAFIA - A cena capturada

Os mecanismos usados pelos fotógrafos para expressar elementos materiais, humanos e semânticos que compõem uma montagem teatral

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Matéria de autoria de Pollyanna Diniz, publicada na revista pernambucana Continente, edição 158, de fevereiro de 2014.

A pesquisa Teatro para crianças no Recife – 60 anos de história no século 20 reuniu mais de 450 imagens – entre fotografias, recortes de jornal, cartazes e anúncios – de espetáculos que subiram aos palcos da capital pernambucana entre 1939 e 1999. “A maior dificuldade foi encontrar informações. Como voltei bastante no tempo, vários diretores, atores, produtores, já faleceram. Então, em muitos momentos, tive que recorrer quase que exclusivamente aos jornais da época”, explica o pesquisador e jornalista Leidson Ferraz.

Se, nos primeiros anos cobertos pela pesquisa, os periódicos não publicavam muitas fotos das montagens, depois isso mudou. Mas, ainda assim, nem todas as peças estão registradas em fotografias. “Não temos nenhum resquício de imagem de muitos espetáculos. E são as fotografias que abrem a visão do que foi a cena, que a tornam palpável, que nos fazem perceber não só o trabalho dos atores, mas a cenografia, o figurino, a iluminação”, analisa o pesquisador, mesmo ponderando que nem sempre as imagens são fiéis à encenação.

Logo que começou a registrar espetáculos de teatro, João Caldas percebeu a importância histórica de que fala Leidson Ferraz quanto à fotografia de cena. Engenheiro por formação, trabalhou no Centro Cultural São Paulo, documentando com regularidade a cena paulistana. “Eram muitos espetáculos do circuito comercial e eu também fazia dança. Foi aí que me estabeleci como fotógrafo de palco e aprendi algumas coisas que levo comigo, como fotografar com a presença do público. A energia do espetáculo durante a temporada é completamente diferente”, conta o fotógrafo que, em mais de 30 anos de carreira, já registrou cerca de 800 espetáculos.

Uma das referências históricas para João Caldas e muitos outros fotógrafos de artes cênicas é o trabalho de Fredi Kleemann (1924-1974), que, a partir do final dos anos de 1940, registrou as montagens do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). “Ele também era ator, pertencia àquele grupo. Então, conhecia muito bem a dinâmica. As suas fotos eram todas posadas, mas pareciam mesmo de cena. Ele preparava a cena para a foto, que mostrava a interpretação, o cenário, os figurinos. A maioria delas, no entanto, era feita com tripé”, diz.

Para Guto Muniz, fotógrafo de Belo Horizonte, uma boa fotografia de cena é aquela que instiga a curiosidade. “Não é a foto que mostra a cena, mas aquela que quer te levar ao espetáculo. Uma foto que é muito retrato da cena talvez seja muito fechada em si mesma”, avalia. Claro que a técnica fotográfica, conhecimento sobre luz, composição, movimento, é importante. Mas o fotógrafo revela que não se atém tão rigorosamente à técnica. “Aceito uma foto que esteja levemente desfocada, desde que tenha a energia do espetáculo, que me dê essa dinâmica. Nos workshops que ministro, percebo que algumas pessoas têm dificuldade em assistir ao que estão fotografando. Exercitam tanto a técnica, que esquecem o que está acontecendo no palco”, comenta.

Guga Melgar, fotógrafo do Rio de Janeiro, com 33 anos de carreira, concorda: “Claro que a técnica importa, mas a emoção me interessa mais. Não adianta ter uma foto perfeita, mas sem expressão, sem o instante certo. Gosto de deixar que o trabalho me guie, gosto de fotografar coisas que ainda não vi”, avalia.

Há 27 anos, Guto Muniz acompanha a cena teatral mineira. Em 1987, pediu ao elenco da Cia Sonho e Drama para fotografar Antígona. “Quando cheguei ao laboratório no outro dia e puxei o negativo, percebi que não queria mais parar de fazer isso.” Com o Grupo Galpão, o primeiro trabalho oficial foi em 1991, para a montagem de Álbum de família. “Essa peça foi um marco para o grupo, porque eles estavam acostumados com o teatro na rua. E ali, não, era palco, um texto de Nelson Rodrigues, diferente da vertente mais cômica do grupo”, relembra. Também fez Romeu e Julieta, com direção de Gabriel Villela, provavelmente a peça mais emblemática do grupo.

Já Guga Melgar é um dos fotógrafos mais experientes na cena carioca. Fotografa desde os espetáculos mais comerciais até aqueles de grupos, como o Alfândega 88, do diretor Moacir Chaves. “Não tenho preconceitos. Adoro, por exemplo, a turma que faz comédia, Jorge Fernando, Miguel Falabella, Pedro Cardoso. Para mim, o mais complicado é o teatro malfeito, uma montagem que não tem texto, que não é bem-executada”, diz.

CRIAÇÃO

Uma das discussões sobre a fotografia de cena trata da questão da criação artística. Até que ponto o fotógrafo é um criador, se aquelas cenas foram pré-visualizadas pelo diretor? “A fotografia é o meu olhar e não o do diretor. Esses olhares podem ser até parecidos, mas as relações de cena serão trabalhadas de forma diferente na fotografia. É outra linguagem, que não a da construção do diretor”, avalia Guto Muniz. “A fotografia não é só o disparar. É o que você é, viu, pensa, leu, o que você enxerga do espetáculo a partir de toda a sua experiência de vida. É uma recriação”, comenta Guga Melgar.

Para o pernambucano Ivan Alecrim, professor de fotografia, esse novo olhar não pode ser considerado criação. “Você não está criando absolutamente nada. O cenário está montado, a luz. A foto é interpretativa. No teatro, o que você faz é interpretar o objetivo do diretor e transformar num frame. E aí você precisa ter entendimento para escolher qual o instante que representa essa montagem. Se o fotógrafo passar disso, começa a agredir a criação do diretor”, opina. Ele se refere, por exemplo, às interferências que o fotógrafo possa fazer na cena. “Fotografo muito cavalo-marinho, uma realidade bastante específica. Como vou dizer para aquele brincante que a luz não é a ideal para a minha fotografia, se o seu espetáculo acontece com aquela luz de poste?”, pontua.

Em condições adequadas, o ideal é que, antes de fazer as imagens, o fotógrafo esteja munido de informações que subsidiem a construção do seu trabalho: é importante o contato com o diretor, com a linha de trabalho do grupo, com a dramaturgia do espetáculo. “Quando é possível acompanhar o processo de montagem, desde as leituras do texto, as imagens finais da peça geralmente são mais ricas de possibilidades e significados”, comenta Guto Muniz.

A principal regra de postura profissional do fotógrafo de cena é ser discreto e não atrapalhar o espetáculo. “É uma tríade: passar despercebido, entender os instantes do espetáculo e possuir a técnica”, afirma Ivan Alecrim. Para Bob Souza, fotógrafo que desde 2003 acompanha a cena paulistana, é preciso ter respeito pelo palco. “Esse espaço para mim é sagrado. Não é chegar de qualquer jeito. Talvez seja diferente de um fato jornalístico que está ali, posto. No teatro, você está invadindo um espaço”, comenta.

“O respeito é ao trabalho dos outros e à plateia”, complementa João Caldas. Mesmo com as câmeras digitais, sem a limitação das poses do filme das analógicas, esperar o instante certo, a cena se completar, o movimento se realizar, para disparar a câmera, é uma das dicas dos profissionais. “Uma das manias que surgiram com a câmera digital é conferir a imagem depois do clique. Além de atrapalhar os outros e tirar a concentração do ator por conta da luz, você se distrai e pode perder o próximo momento da cena. Às vezes confiro o foco, mas tento não tirar a câmera do olho”, destaca.

O barulho dos cliques também é motivo de incômodo para muitos espectadores e para os próprios atores. Sempre que vai fotografar um espetáculo, Guto Muniz veste preto, tenta se movimentar o mínimo possível e usa um acessório na câmera, como uma bolsa que veste o equipamento, na tentativa de abafar o som. “É preciso escolher uma câmera que seja mais silenciosa, porque cada modelo faz um barulho”, confirma.

ACERVOS E PUBLICAÇÕES

A fotografia digital facilitou a organização do acervo dos fotógrafos. Guga Melgar revela que nunca conseguiu colocar em ordem os negativos que possui. “É uma bagunça! Tentei organizar certa vez, mas isso saiu muito caro. Precisava, por exemplo, de refrigeração adequada”, diz o fotógrafo, que pretende montar uma exposição no ano que vem.

Já Guto Muniz, que também é professor e ministrou no mês passado um workshop no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte, lançou em 2012 o site Foco in Cena (www.focoincena.com.br). “Ficava incomodado com tantas histórias guardadas. O site não é do Guto, mas é um ensaio sobre as artes cênicas. Por isso tem todos os trabalhos, independentemente de eu ter gostado ou não do espetáculo porque, obviamente, fotografei muita coisa ruim”, conta. A tarefa de disponibilizar todo o acervo ainda não foi concluída e o site serve como um banco de dados e pesquisa, já que tenta trazer, além das fotos, a sinopse, a ficha técnica, textos dos programas, vídeos.

No ano passado, um dos lançamentos na área de fotografia de artes cênicas foi o livro Teatros por João Caldas, que reúne imagens, desde 1981, do espetáculo Clara Crocodilo. “Era um espetáculo transgressor, com música de Arrigo Barnabé. Acompanhei desde o ensaio. Fiz cerca de 40 rolos de filmes de 36 poses. Na época, isso era um absurdo!”, relembra. A pesquisadora Sílvia Fernandes deu o norte sobre quais espetáculos deveriam compor o livro e a edição de imagens foi de Juan Esteves.

Também no ano passado, Bob Sousa lançou Retratos do teatro (a publicação está disponível para download na internet no site www.editoraunesp.com.br), com imagens registradas desde 2009. “Esse livro e a opção pelos retratos vieram da vontade de, depois do espetáculo, manter um diálogo com as pessoas envolvidas com teatro”, explica. O livro não traz imagens de montagens, mas retratos de encenadores, atores, produtores, críticos. “A fotografia é um elemento narrativo e, mesmo que não estejam caracterizadas como personagens das peças, essas pessoas são personagens de uma história, a do teatro, prioritariamente paulistano”, comenta Bob Souza.

Visite o site da revista Continente e saiba mais sobre esta importante publicação do setor cultural.

http://www.revistacontinente.com.br/

OLHO MÁGICO - Fotografar espetáculos também é arte

Profissionais especializados em captar a alma de personagens fazem do ofício uma paixão

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Carolina Braga - EM Cultura

Na escuridão do laboratório, em meio a bacias, pinças e varais, as imagens de Antígona, montagem da Cia. Sonho e Drama, foram se revelando como mágica. Era 1987. Por trás da descoberta de cada cena em branco e preto, brilhavam os olhos de um jovem monitor de fotografia. “M e apaixonei. Pensei: isso é legal demais. Não quero parar”, lembra Guto Muniz. E ele não parou mesmo.

O ritual envolvendo rolos de filmes e produtos químicos pode até ter se tornado obsoleto. Coisa do passado analógico nem tão longínquo assim. Com 27 anos de carreira, o mineiro assiste – e protagoniza – à transformação da fotografia de cena no Brasil. Entre os dias 20 e 24, ele vai ministrar oficina no Galpão Cine Horto para compartilhar sua experiência com colegas.

Foi-se o tempo em que retratos de palco eram apenas ferramentas para divulgar espetáculos. Com a dedicação de quem se entregou ao ofício, Guto diz que fotos de cena são objetos artísticos com diversas funções. Divulgar é apenas uma delas.

“Aquela fotografia não conta uma história, mas sugere, cria uma expectativa”, explica Guto. Fiel escudeiro dos principais grupos de teatro e de dança do estado, ele dedica 80% de seu tempo para registrar espetáculos. É raro encontrá-lo na plateia sem a câmera. “Assisto enquanto fotografo. Gosto da emoção da primeira vez”, conta.

Há 23 anos responsável pelo registro de todas as produções da Fundação Clóvis Salgado, Paulo Lacerda avisa: quando se trata de fotografia de cena, não há receita fixa. Algumas regras são básicas: o flash é abominado e o fotógrafo precisa ser o mais discreto possível. Habilidade para trabalhar com pouca luz também é importante. Fora isso, fica por conta da criatividade de cada um. “Com tempo, luz e posicionamento adequados, você faz belíssimas fotos. Mas cada um tem o seu tempero”, diz.

“O bom fotógrafo de cena consegue captar, sem ser visto, a essência do espetáculo em poucos registros. Isso depende de experiência, de posicionamento. Se você se posiciona mal, tem mais dificuldade de conseguir esse resumo”, explica outro craque, André Fossatti. Formado em jornalismo, ele iniciou a carreira de fotógrafo profissional como monitor. Ao seguir a recomendação de um professor para diversificar ao máximo sua produção, mas sem deixar de se especializar em algo de que gostasse, Fossati passou a fotografar shows. Dali para o teatro – e, principalmente, o circo – foi um pulo.

Dinâmica

Embora não sigam rituais específicos, fotógrafos costumam chegar mais cedo para bater papo com o diretor. É a hora de alertar sobre uma ou outra cena mais marcante. Fora isso, a recomendação é: entregue-se ao espetáculo. Mais uma vez, sem receitas. Há quem faça mais de 500 cliques por noite. Cada um à sua maneira. Guto Muniz diz não ter “dedo nervoso”: em média, são 200 fotos em uma hora.

Todos os fotógrafos concordam: há diferenças marcantes, tecnicamente falando, entre espetáculos de teatro, dança e circo. “Há a percepção de entender se a luz está baixa ou alta, o que é possível fazer com o oferecido”, explica André Fossati.

Embora fotografe todos os tipos de produção, Paulo Lacerda não esconde a predileção pela dança. O registro do movimento é algo minucioso, deve ser acompanhado por diretores e bailarinos. “Se você clicar um segundo depois, tem o movimento todo atrasado. É preciso achar o clique certo”, recomenda.

Quando começou a fotografar, o paranaense Daniel Sorrentino se encantava com planos mais fechados e a expressão dos atores. Desde 2003 ele registra peças em cartaz no Festival de Curitiba. Com o tempo, minimizou a importância que dava para os detalhes. “Hoje, vejo que a expressão faz parte de algo mais complexo.” O que conduz o trabalho de Guto é a emoção do momento do clique: “Fotografo o que faz sentido para mim, efetivamente. Contar ou não uma história vem muito mais na hora da edição”.

Documento especial

Há 11 anos em atividade em São Paulo, já passaram pelas lentes de Bob Sousa os principais coletivos da cidade. Longe da câmera, mas nem tão distante assim, o fotógrafo é aluno de mestrado em artes cênicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O plano é dedicar a dissertação à construção de uma narrativa iconográfica sobre a trajetória de companhias paulistanas, entre elas o Teatro Oficina. As fotos serão protagonistas dessa análise.

Se Bob Sousa percebe pelas imagens o quanto a encenação teatral se transforma com o tempo, no que se refere à fotografia de cena, o profissional acredita que a mudança é lenta. “A fotografia digital trouxe um novo panorama, mas não mudou muita coisa não”, diz. Segundo ele, a primeira função das imagens de cena é documentar.

“Infelizmente, a fotografia de palco não é muito usada como arte, isso se dá mais como divulgação. São raros os livros publicados, as exposições. O trabalho é muito pouco valorizado”, critica. Ele tem procurado mudar esse cenário. No fim do ano passado, Bob publicou seu primeiro livro: Retratos do teatro. Dia 17, ele inaugura exposição, no Sesc São Paulo. Em fevereiro, vai ministrar oficina. A estética de Bob Sousa é voltada para o ator, com foco no gesto e na expressão.

FIQUE DE OLHO

Os acervos de Guto Muniz e Bob Sousa estão disponíveis na internet. Há dois anos, o mineiro publicou seus trabalhos em www.focoincena.com.br. As imagens podem ser buscadas por companhia, data ou festival. Bob Sousa exibe fotos em www.bobsousa.com.br. Entre os dias 20 e 24, Guto Muniz ministra a oficina A fotografia nas artes cênicas no Galpão Cine Horto, em BH. Aberto a fotógrafos profissionais ou amadores, o curso aborda todo o processo que envolve a fotografia cênica. Informações: (31) 3481-5580 e www.galpaocinehorto.com.br.

CINCO MANDAMENTOS

Por Guto Muniz

• Seja parceiro do artista fotografado

• Esteja aberto ao que você está vendo, independentemente do estilo da peça

• Estude o que vai fazer. Procure ler sobre a companhia ou os atores que vai fotografar, além de conhecer um pouco a estética do trabalho

• Seja quase um “ninja”. O fotógrafo deve ser absolutamente discreto, não aparecer enquanto está fotografando. Ele não pode incomodar o público e os atores

• Seja criterioso na edição das imagens e se esmere no resultado

Leia a íntegra da matéria em:

http://divirta-se.uai.com.br/app/noticia/arte-e-livros/2014/01/05/noticia_arte_e_livros,150145/olho-magico.shtml

Nova edição da ANTRO POSITIVO destaca trabalho de Guto Muniz

Revista virtual de teatro chega a sua sexta edição dando destaque ao fotógrafo mineiro

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A revista virtual ANTRO POSITIVO, edição número seis, entrou no ar neste dia 1º de maio de 2013. Extremamente bem cuidada em seu projeto gráfico e com um conteúdo de primeira qualidade, esta revista de autoria da dupla Patrícia Cividanes e Ruy Filho vem premiando seus leitores a cada nova edição com vasta informação sobre o teatro nacional. Desta vez ela apresenta nada mais nada menos que 200 páginas, com destaque maior para o Festival de Teatro de Curitiba realizado no último mês de março. E, para completar, 28 páginas dedicadas ao trabalho do fotógrafo mineiro Guto Muniz, cujo acervo está aqui presente no site Foco in Cena.

Conhecer a ANTRO POSITIVO é essencial para todos os amantes do teatro. Por isso, visitem o link:

http://antropositivo.blogspot.com.br/2013/04/ed-06.html

Olhar Indiscreto

Guto Muniz fala sobre a fotografia de artes cênicas para o programa da PUC TV

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No programa Olhar Indiscreto da PUC TV que foi ao ar no dia 03 de outubro de 2012, o fotógrafo Guto Muniz falou sobre sua trajetória de 25 anos na fotografia, sua relação com o teatro e os cuidados ao fotografar um espetáculo.

Foco in Cena é destaque no GloboNews em Pauta

Site e exposição são citados como destaques no cenário cultural

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O programa GloboNews em Pauta, em recente edição, focou as exposições fotográficas em destaque no cenário cultural e, dentre as quatro citadas, estava a exposição Foco in Cena, que contempla cerca de 120 fotos do acervo do fotógrafo Guto Muniz

A exposição pode ser visitada no Memorial Minas Gerais Vale, em Belo Horizonte, até o dia 30 de novembro.

Os horários de visitação são:

Terças, quartas, sextas e sábados, das 10 às 18hs

Quintas-feiras, das 10 às 22hs

Domingos, das 10 às 16hs

O endereço é Praça da Liberdade, esquina com Rua Gonçalves Dias

A entrada é gratuita.

Já o site Foco in Cena, também citado na matéria, estå no ar desde 19 de agosto. São cerca de 500 trabalhos já publicados.

Veja trecho do programa:

Um olhar, muitas histórias

25 anos de artes cênicas em Minas sob a ótica do fotógrafo Guto Muniz e seus retratados

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* Débora Fantini (Jornal da Pampulha - 25/08/2012)

Imagens e muitas histórias para contar

Quando o Grupo Galpão subiu na Veraneio para encenar “Romeu e Julieta” pela primeira vez, Grace Passô, 32, ainda era criança. Por isso, poder ver as fotos da estreia da peça trouxe uma sensação de alívio para a hoje dramaturga, diretora e atriz do grupo teatral Espanca. “Enxergar essas imagens é aliviante, concretiza a memória que eu tinha inventado a partir do que ouvi sobre esse espetáculo tão marcante para a cidade”.

Clicadas por Guto Muniz – belo-horizontino de 46 anos que é um dos mais respeitados nomes da fotografia de cena no país e que acaba de completar 25 anos de carreira – essas e outras fotos que contam boa parte da história das artes cênicas mineiras nesse período são agora reveladas por meio de uma exposição e de um site (leia quadro na página 5).

As fotografias do acervo falam por si. No projeto, porém, uma imagem vale tanto quanto mil palavras. As imagens são acompanhadas de textos, fichas técnicas, vídeos e áudios. Além disso, os visitantes do site são convidados a contar sua história com os espetáculos deixando comentários.

O próprio Muniz não mediu palavras para fazer uma retrospectiva pessoal, na página do projeto no Facebook (www.facebook.com/focoIncena), em relatos que misturam informações com afeto. “A ideia é não apenas apresentar uma história, mas construir novas, com a participação de todos”.

Para quem está na plateia, compartilhar sua experiência é como revelar um segredo. “A memória que um espetáculo deixa em um espectador é secreta. Sempre tenho essa sensação quando vejo uma peça e saio com dificuldade de descrever para outra pessoa. Quando vejo uma imagem do Guto, cria-se um espaço que me ajuda a lembrar desse segredo e a concretizá-lo em palavras”, conta Passô.

O Galpão e a semente de uma obra-prima

Se para Grace Passô as fotografias de “Romeu e Julieta” possibilitam um encontro com um passado que ela não viveu, para o ator e diretor do Galpão Eduardo Moreira, 51, os ensaios em Morro Vermelho, distrito de Caeté, captados pela lente de Guto Muniz avivam lembranças de quando a peça ainda não era a obra-prima do grupo. “Lembro muito das crianças do lugar cantando as músicas da peça.”

As trajetórias do fotógrafo e da trupe cruzaram-se em 1992 e não se separaram mais. O primeiro trabalho juntos foi a peça “Álbum de Família”, adaptação da obra de Nelson Rodrigues com direção de Eid Ribeiro. São as fotos preferidas de Moreira. “O Guto conseguiu integrar as fotos à pesquisa estética do espetáculo, fotografando em sépia”, descreve ele, que diz recorrer às imagens para escrever os diários de montagens do grupo.

Apesar de serem registros históricos, as fotos feitas por Muniz parecem não estar prontas. “Acho que é porque detesto foto montada. Gosto da coisa acontecendo. São instantâneos nesse sentido”.

E o teatro toma conta da cidade

Fotógrafo de palco é pouco para designar Guto Muniz, que tem uma queda especial por registrar espetáculos em espaços alternativos, que passam pela rua e adentram igrejas – ou até mesmo uma Serraria Souza Pinto pré-reforma, da qual os belo-horizontinos mal se lembram.

Ainda com o chão de terra, o espaço no centro de Belo Horizonte recebeu, em 1994, o espetáculo “Auto da Paixão”, da Cia. Circo Branco, de São Paulo, cujas cenas também transcorreram no vizinho parque municipal. A convite da trupe paulista, Muniz fotografou a montagem, naquela que seria sua estreia extraoficial na cobertura do Festival Internacional de Teatro de Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT-BH), então em sua primeira edição.

A partir do segundo FIT-BH, em 1996, Muniz se tornou “patrimônio” do evento, como brinca. Neste posto, o fotógrafo passou por uma das experiências mais inusitadas de sua carreira.

Para clicar “Bivouac”, espetáculo da companhia francesa Générik Vapeur que atravessou o centro da capital a toda velocidade em um cortejo em meio à multidão, Muniz teve a ideia de subir no trio elétrico, um alegórico cachorro metálico incandescente. “Perguntei pra companhia se podia ficar em cima do trio, com 90% de certeza de que iriam falar não. Pros meus 10% de esperança, eles falaram sim. Só que com a condição de que eu ficasse como eles, todo pintado de azul”.

Apesar do incômodo que a maquiagem ressecada provocou, conseguiu não só acompanhar o ritmo da horda de personagens azuis como também a reação do público. Enquanto os atores subiram em marquises, algumas pessoas da plateia subiram em árvores, numa ocupação da cidade inimaginável para os dias de hoje.

Outra cobertura memorável para Muniz foi a passagem da Trilogia Bíblica do grupo paulista Teatro da Vertigem pela capital, no FIT de 2004. “Cada encenação é única. ‘O Paraíso Perdido’ apresentado na Igreja do Carmo é diferente de qualquer outra igreja. Em um grande espetáculo de espaço alternativo, a efemeridade está em sua essência maior”, fala ele, ressaltando que é, ao mesmo tempo, espectador e fotógrafo. “Só consigo fotografar um espetáculo porque estou assistindo, mesmo um ensaio”.

Encontro com nomes que já saíram de cena

Abrir o baú de memórias com 25 anos de fotografias das artes cênicas mineiras clicadas por Guto Muniz é marcar um encontro com nomes que já saíram de cena. Dentre os saudosos retratados por Muniz, como Wanda Fernandes (1954-1994), a primeira Julieta do Galpão, e o ator Zeca Santos (1955-2011), um nome tem lugar especial por ter despertado no então estudante de publicidade o desejo de fotografar palco.

Trata-se de Paulo Lisboa (1960-1996), que o hoje fotógrafo viu em cena na montagem de “Antígona” (1987), da Cia. Sonho e Drama. “Fiquei impressionado com a plasticidade e o trabalho de corpo do Paulão. O que me impulsionou muito foi esse trabalho dele. Tanto que depois comecei a seguir um pouco o Paulão em outros espetáculos”, afirma Guto, referindo-se às peças “Fim de Jogo” (1989), da Cia. Absurda e dirigida por Eid Ribeiro, e “Josefina, A Cantora” (1990), também da Cia. Sonho e Drama.

Com esta última, o nova-limense Lisboa rodou mundo, chegando a se estabelecer em Portugal, onde foi um dos fundadores do projeto Visões Úteis.

“Josefina tem o grande valor sentimental de ter sido um trabalho que o Paulão fez até morrer. Digo com segurança que recebeu mais de 20 prêmios internacionais, de Cuba à Bósnia. De lá, em época de guerra, ele me enviou um cartão-postal”, diz o encenador Carlos Rocha, 60, diretor da peça e também de “Antígona”.

Nos passos da dança mineira

Teatro, bonecos, circo. Das diferentes artes cênicas, a dança foi a última fronteira que Guto Muniz desbravou em seus 25 anos de trajetória como fotógrafo de cena.

“Eu me aproximei da dança aos poucos. Porque tinha pra mim uma imagem da fotografia de dança muito ligada ao balé clássico, focado na posição perfeita, muito diferente do meu estilo de fotografar, que admite um tremido, um desfocado, desde que capte a emoção do instante”, diz.

Mas foram justamente essas características que levaram-no a dar seus primeiros passos nessa arte, guiado pela Mimulus, companhia que leva para os palcos a linguagem da dança de salão e que é clicada por Muniz desde seu primeiro espetáculo, “Bagagem”, de 2000. “Sempre me incomodou, antes de trabalhar com o Guto, que normalmente nas sessões de fotos, os fotógrafos insistissem em buscar poses estáticas. Isso deixava as imagens artificiais, já que trabalhamos com movimento”, compara o coreógrafo Jomar Mesquita, 41, diretor da companhia.

Quatro anos mais tarde, Muniz tornou-se também fotógrafo oficial do Primeiro Ato, grupo que, confessa ele, já clicava como público. “Tive um prazer enorme quando reapresentaram ‘Beijo nos olhos... Na Alma... Na Carne’, que é de 1999, e pude fotografa. É um espetáculo que fazia parte da minha memória afetiva. Realizei um desejo”.

Muniz é responsável ainda pela cobertura de sucessivas edições do festival 1,2 na Dança e por registros da Cia. Será Quê?, Quik e Companhia de Dança Palácio das Artes.

Dentre as principais companhias de dança mineiras, só não registrou o Corpo. “Admiro o trabalho do Zé Luiz (Pederneiras), que tem uma perfeição muito típica dele. Mas tenho vontade de mostrar um outro tipo de imagem do grupo, só não sei se iriam gostar”.

Saiba mais sobre o projeto Foco In Cena

Acervo online O portal Foco in Cena (www.focoincena.com.br) entrou no ar com uma galeria de 4.600 fotografias de 400 espetáculos, entre montagens de Minas Gerais e de outros países, que se apresentaram na capital em festivais de teatro, dança, bonecos e circo ou em turnês nacionais

Multiplicação Os números irão dobrar até o fim do ano, abarcando todos os trabalhos clicados por Guto Muniz até o momento e selecionados de um arquivo com 10 mil negativos e 30 mil fotos digitais produzidos em seus 25 anos de carreira

Memória preservada “Guardo todos os trabalhos que faço. Aprendi que não se pode apagar fotos, um hábito meu que alguns colegas até questionam. Durante a catalogação, redescobri as imagens, que já não eram mais as mesmas, foram ressignificadas pela história”, afirma o fotógrafo

Muito mais que fotos Além das fotografias, também se encontram no portal textos, fichas técnicas e artísticas, vídeos e áudios de cenas, informações muitas vezes extraídas diretamente dos programas dos espetáculos, que Muniz também sempre fez questão de guardar

Respeitável público Visitantes do site também podem ajudar a contar a história das artes cênicas mineiras a partir das fotos, deixando comentários no portal (é preciso estar conectado ao Facebook)

Para ver de perto Parte do acervo pode ser vista também na exposição Foco in Cena, aberta ao público até novembro, no Memorial Minas Gerais Vale (praça da Liberdade, esquina com rua Gonçalves Dias; 3343-7317), com visitação aos domingos, das 10h às 16h; sábados, terças, quartas e sextas, das 10h às 18h, e quintas, das 10h às 22h. A entrada é gratuita.

Revista BHNews

Entrevista de Angêlica Hodge com o fotógrafo Guto Muniz

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Vinícius Matos entrevista Guto Muniz

Live Show - Escola de Imagem

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Entrevista ao vivo com Guto Muniz para o canal da Escola de Imagem, onde o fotógrafo fala sobre a fotografia de cena e o lançamento do site Foco in Cena. A entrevista foi concedida por Guto no Memorial Minas Gerais Vale, na sala que abrigava a exposição comemorativa dos seus 25 anos de carreira.

http://www.livestream.com/escoladeimagem/video?clipId=pla_80865bcb-37ae-4cd2-841a-e5cbe03bb567

Agenda - Rede Minas

O site "Foco in Cena", do fotógrafo mineiro Guto Muniz reuni fotos, histórias de bastidores e informações de vários trabalhos realizados em 25 anos de produção

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Para reter a memória do efêmero

Guto Muniz lança site e exposição com precioso acervo de fotos de grupos e festivas cênicos de Minas Gerais

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* Julia Guimarães (Jornal O tempo – 14/08/2012)

Das mais de 10 mil imagens que o fotógrafo Guto Muniz, 46, já produziu sobre as artes cênicas mineiras, nem uma única se perdeu com o tempo. Desde 1987, quando começou a clicar espetáculos em Belo Horizonte, o fotógrafo conseguiu guardar todos os seus trabalhos, seja em película ou digital.

Diante desse acervo imenso e precioso – basta dizer que Guto é uma das referências mais importante da área no pais -, surgiu à ideia de disponibiliza-lo através do portal Foco in Cena (www.focoincena.com.br), que entra no ar neste domingo (19).

Antes disso, porém, o público já poderá contemplar uma pequena parte de suas fotos na exposição “Foco in Cena”, que abre hoje para convidados e, amanhã, para o público, no Memorial Minas Gerais Vale. Nela, serão exibidas 120 imagens emblemáticas da trajetória do fotógrafo no campo das artes cênicas.

“Além de guardar as fotos, eu também costumava colecionar programas dos espetáculos. Tinha um armário só para isso em casa, e, sempre que o abria, me dava pena ver o material como uma memória só minha. Então comecei a pensar numa forma de compartilhar isso com o público e vi que só num portal seria possível. A proposta, então, foi criar um site com compromisso histórico, em vez de fazer um mero portfólio só com as fotos que eu gosto”, comenta Guto Muniz.

No lançamento do portal, estarão no ar 400 diferentes trabalhos e, aproximadamente, 4.600 imagens, uma média de quase 12 por trabalho. Até o fim do ano, esse número ainda deverá dobrar, já que outros 400 espetáculos estão no forno para serem postados. Cada um deles surgirá acompanhado de sinopse e ficha técnica, e alguns virão também com links para vídeos e o programa da montagem.

Entre os destaques desse acervo, estão montagens de grupos como o Galpão, a Mimullus e o 1 Ato, além dos principais festivais cênicos internacionais de Belo Horizonte, como o de circo, de teatro e de bonecos. “Esse processo de remexer nas imagens me mostrou muita coisa preciosa, como a pré-estreia do ‘Romeu e Julieta’ do Galpão em Morro Vermelho ou as foto de ‘Antígona’, da Cia. Sonho e Drama, o primeiro espetáculo que fotografei”, conta.

Qualidades

Entre quem trabalhou com Guto Muniz, uma das características mais ressaltadas é sua sensibilidade para captar a cena.

“O Guto consegue traduzir a alma do espetáculo, suas fotos não só o resultado de um trabalho estético, ele é sensível também à dramaturgia, àquilo que está por trás da imagem”, comenta o ator e diretor Chico Pelúcio, do Galpão.

Já para o diretor Eid Ribeiro, o fotógrafo se diferencia por saber dialogar com as particularidades das artes cênicas. “Ele é a própria história do teatro mineiro, não só pelo levantamento fotográfico que construiu ao longo dos anos, mas também do ponto de vista artístico. Seu olhar é muito teatral, ele trabalha bem a iluminação e outros elemento da cena”, completa Ribeiro.

Guto revela que uma de suas principais preocupações é a de criar uma imagem que sintetize suas próprias emoções com aquilo que vê. “Evito assistir ensaios do espetáculo antes de fotografar para não criar uma concepção prévia daquelas imagens. Gosto de sentir o que vai acontecer na hora e fotografar de acordo com minha emoção”, explica.

Em busca de uma estética da lacuna e da imperfeição

Embora hoje seu foco na fotografia esteja quase exclusivamente voltado para as artes cênicas, a inserção de Guto Muniz nesse universo se deu quase ao acaso. Estudante de publicidade na PUC Minas no inicio dos anos 1990, o fotógrafo conta que pouca ou nenhuma relação tinha com o teatro ou a fotografia nessa época. Foi quando cursou as disciplinas das duas áreas na faculdade que surgiu o interesse.

“Quem ministrava a cadeira de teatro era o Arildo Barros, do Galpão, e no final da disciplina a gente tinha que montar um espetáculo e acabamos formando um grupo. Logo depois, tive a disciplina de fotografia, daí virei fotógrafo free lancer, Mas foi depois de assistir ‘Antígona’, da Cia. Sonho e Drama, que resolvi fazer meu primeiro ensaio para teatro. Havia um trabalho de corpo sensacional do Paulo Lisboa, que me fez voltar ao teatro no dia seguinte, já com a câmera”, conta.

Ao contrário de outros fotógrafos da área, Guto nem sempre privilegia a foto limpa e precisa, perfeita do ponto de vista estético. “Não tenho tanto rigor quanto a foco, algumas foto minhas são importante que a estética é o sentimento que a foto transmite”.

A partir de um pensamento semelhante, Guto conta que privilegia também imagens lacunares, que funcionem como um convite ao espectador para conhecer mais sobre o trabalho. “A fotografia não pode ser uma imagem pronta que te conte tudo, ela precisa te possibilitar imaginar um extra-quadro. Por isso sempre evito foto montada, pois ela não deixa essa brecha”, comenta.

Acostumado a transitar por todas as áreas cênicas com semelhante desenvoltura, o fotógrafo explica que cada uma delas possui suas peculiaridades. “A fotografia de dança é mais baseada no movimento, então trabalho variações na velocidade. Já no teatro, é mais importante o registro da expressão, então uso planos e contra planos, Já com os bonecos também gosto de explorar velocidades mais baixas pois assim tem-se a ideia de que está vivo, menos estático”.

Preferências

Embora explique que a tecnologia digital facilitou bastante o trabalho dos fotógrafos de artes cênicas, principalmente em relação às fotos coloridas, já que os filmes em película dificilmente captavam as cores do espetáculo em sua complexidade, Guto se assume um eterno saudosista das imagens P&B. “Para quem fotografa espetáculos, o P&B é maravilhoso, pois cria atmosfera e textura para as imagens. Mas, no resto, a tecnologia digital nos ajudou muito”.

Atualmente, o fotógrafo revela que sua predileção na área tem sido as fotos de processos de criação, não só pela possibilidade de uma imersão maior no trabalho, mas também pelo valor histórico do registro. “Sou capaz de trocar dez fotos de espetáculos por uma de ensaio. Tenho visto que a importância dessas imagens para a memória do teatro é enorme, maior até do que o registro final”.

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